diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: 2021

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Salvos de que?!

Existe uma crença muito difundida no meio cristão de que as boas novas do Evangelho é que Jesus veio nos salvar do inferno. Não, Jesus NÃO veio nos salvar do inferno! Cristo veio nos salvar de uma vida que com certeza nos levará ao inferno.

Jesus não veio gerar uma multidão de salvos do inferno. Ele veio gerar um povo segundo a Sua Natureza, que seja a manifestação na Terra dos filhos de Deus. “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus“. (João 1:12)


“Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras.”  (Tito 2:11-14)


Quando Jesus começou seu ministério, Ele não falou uma mensagem de que chegou o livramento do inferno, ou o livramento da condenação. A mensagem que Ele proclamou enfaticamente foi: O Reino de Deus é chegado!


“Daí em diante Jesus começou a pregar: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo”. (Mateus 4:17)


“Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus.” (Mateus 12:28)


“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.” (Lucas 17:20-21)


O Reino, além de obviamente falar de nosso Rei e Senhor Jesus Cristo, fala também de uma cultura. Todo reino tem uma cultura. E é essa cultura do Reino de Deus que Cristo veio nos revelar através de sua própria vida, para que crendo nela, possamos ser salvos de uma vida que nos levaria ao inferno.  


Em todo Evangelho e na doutrina dos apóstolos vemos incessantemente sendo ensinado a cultura do Reino, uma forma de pensar do Reino, um estilo de vida do Reino, um comportamento do Reino, uma nova cultura de pensamento. São princípios, valores e virtudes materializados pela vida de Cristo, posteriormente obedecido e vivido pelos apóstolos e deixado como testemunho para nós nos dias de hoje.


Já ouvi muitas pessoas dizendo: “Eu creio em Jesus, O aceitei. O importante é que não vou para o inferno, posso viver como quiser!” No entanto, quando analisamos a vida dessas pessoas, vemos que elas vivem um verdadeiro inferno (e não estou falando de tribulações). São pessoas que vivem um inferno emocional constante, são iracundas, violentas, invejosas, amarguradas, ressentidas, orgulhosas e arrogantes; entregues às suas seduções e vaidades. Vivem como senhores de si mesmas. Até tem aparência de piedade e vivem algumas liturgias religiosas, mas no dia a dia só fazem o que querem. 


“Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também.”  (2 Timóteo 3:1-5)


Isso sem falar no inferno que essas pessoas fazem na vida das outras. São egoístas, não enxergam as pessoas, as relações, só pensam em si mesmas. Transformam a vida de seus cônjuges, filhos e amigos em um verdadeiro tormento, por causas de vontades instintivas, fúteis e mimadas. Resumindo, a vida da pessoa e de todos que convivem com ela é um verdadeiro inferno…. E então?  Salvo de que? Tudo o que ela deixa é um legado de destruição por onde passa e para as próximas gerações. Pelos frutos conheceremos a árvore….


“Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!” (Mateus 7:17-21)



Sim, Jesus disse que todo aquele que n’Ele cresse seria salvo. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito , para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16). Mas precisamos meditar o que é crer em Jesus. Por que os demônios também crêem (e tremem) e nem por isso são salvos. “Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios creem—e tremem!” (Tiago 2:19). Então esse crer não é simplesmente acreditar que Jesus existiu, ou no que Ele fez, mas esse crer é aceitar para si a Sua mensagem, o Seu Reino, Sua forma de viver, Sua cultura, Seu estilo de vida! É crer de forma a entender que essa cultura que Cristo nos apresentou é a cultura de vida que nos salva! 


É por isso que Cristo disse que quem não crer já está condenado. “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más.” (João 3:18-19). Essa pessoa vai apenas continuar vivendo sua vida de inferno/tormento. Ela não vai ser lançada no inferno, como algo no futuro, já que na verdade nunca saiu dele. Nossa salvação do inferno é agora e não simplesmente futura. Nós saímos agora, como consequência de crermos no Evangelho do Reino, de forma a tomar essa cultura, essa nova forma de pensar para nós, e então encontraremos a tão maravilhosa salvação que o Senhor nos concedeu, afinal Cristo mesmo disse que o Reino de Deus é chegado, então entramos nele agora. 


Crer para a salvação é como a parábola do tesouro no campo. Quem o encontra larga tudo, vende tudo para poder tê-lo, pois entendeu o quanto aquilo é precioso e que aquilo é a salvação que tanto buscava. "O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo.” (Mateus 13:44)


Nós somos salvos pela graça, por meio da fé! “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus;” (Efésios 2:8). Sabemos também que a graça nos educa, nos ensina. “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos. Ela nos educa para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos neste mundo de forma sensata, justa e piedosa,” (Tito 2:11-12). E é crer nessa educação (graça) de Jesus, que é a cultura do Reino, que nos salva. A salvação que não transforma nossa forma de pensar e de viver, em algum momento da nossa vida, não é salvação.


A verdadeira salvação é crer desejando para si mesmo o caráter de Cristo, não simplesmente os seus benefícios. Ser salvos do inferno é apenas uma consequência de ser salvo da nossa forma de pensar mesquinha e egoísta.


O Reino de Deus chegou, é agora, não é para o futuro. “Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus.”  (Mateus 12:28). “Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.” (Lucas 17:20-21). A salvação é para agora. Aqueles que são salvos sempre demonstram frutos de salvação. Claro que existem os tempos de cada um, mas aqueles que de fato foram salvos, vão sendo educados pelo Senhor em Sua nova cultura. “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:10)


É por isso que Jesus falou tanto do Reino, porque a salvação é entrar no Reino, ou melhor, é ter o Reino dentro de nós, por meio do seu sangue derramado na Cruz. Ser salvos do inferno é apenas uma consequência natural de não se estar mais no império das trevas (cultura do mundo, cultura de Satanás), mas sim no Reino de Cristo Jesus (Cultura do Reino).


“Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado, em quem temos a plena redenção por meio do seu sangue, isto é, o perdão de todos os pecados.” (Colossenses 1:13-14)

Geraldo Júnior e Valéria Morais

Transformados pela Renovação do Pensamento

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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

As boas novas

Sabemos que a tradução literal da palavra Evangelho quer dizer boas novas, ou boas notícias. Mas essas boas novas não são no sentido de uma palestra motivacional. Não são para nos sentirmos confortáveis, e nem para resolver os problemas que geramos. 

A grande notícia do Evangelho é: “O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.” (Isaías 9:2). 



O Evangelho de Cristo veio exatamente para confrontar essas trevas, nossa forma de pensar fútil e vazia, veio para nos deixar em crise e nos dar um caminho de vida que faça sentido. O Evangelho veio para expor a cultura corrompida, pervertida e perversa que vivemos hoje e nem percebemos mais. O Evangelho veio expor essa cultura onde o que importa é se dar bem sempre, mesmo que seja a custo do sofrimento do outro; cultura que não sofre o dano nunca; cultura que coloca a reputação acima do caráter. 

O Evangelho é Cristo no Getsêmani suando sangue antes de morrer para os seus irmãos serem salvos! E é exatamente isso que o Evangelho quer fazer em nós! Nos tornar como Cristo, a ponto de sacrificar nossa própria vida (vontade, egoísmo, orgulho, controle) para que aqueles que o Senhor nos deu vejam Cristo em nós, e sejam salvos. 

É promessa do próprio Jesus: No mundo tereis aflições… (João 16:13). Ao contrário do que muitos creem, Deus não irá nos poupar de passar por circunstâncias difíceis. Ele não irá poupar-nos de nada, até que nos tornemos como Cristo, pois esse é o propósito da salvação. 


As boas novas do Evangelho são exatamente essa: em sua bondade, o Senhor Jesus entregou sua vida na cruz para nos salvar e testemunhar que a verdadeira salvação é sermos livres de nós mesmos, não mais sermos escravos de nosso egoísmo, maldade, orgulho, inveja, vingança, amargura e justiça própria. Não precisamos mais ser escravos da nossa vontade, instintos, ganância e prazeres. 


“Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:24-26)


Aqueles que seguem a Cristo não vivem para salvar a si mesmo, mas como Jesus, negam-se a si mesmos e tomam a sua Cruz em favor dos seus irmãos.  


As boas novas vieram nos mostrar que não precisamos ter medo de amar sem pedir nada em troca, que podemos perdoar as injustiças sem reivindicação e vingança, que podemos sofrer o dano por amor. 


As boas novas nos permitem enxergar o outro, a ponto de ver que a obsessão e obstinação em se viver do jeito que quiser geram consequências terríveis na vida daqueles que amamos.


As boas novas vêm para dar sentido à nossa vida. As boas novas são: “ eu vim para que tenham vida, e tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (João 10:10b,11).  A vida em abundância está na relação, em não viver na perspectiva de si mesmo e sim do outro, especialmente na família!  Essa vida em abundância só se experimenta quando estamos  dispostos a tomar a nossa cruz, darmos a nossa vida pelos irmão como o nosso Bom Pastor (e isso não é nada fácil e nem confortável), obedecermos ao Pai, e sermos “cristos” na vida das pessoas.  


Essas são as boas notícias de Cristo, que nos dá esperança, que salvam a nós, as relações e as famílias.


“Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando as boas-novas de Deus. ‘O tempo é chegado’, dizia ele. ‘O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas-novas!’ ” (Marcos 1:14-15)


Geraldo Júnior e Valéria Morais

Transformados pela Renovação do Pensamento

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sábado, 3 de julho de 2021

O que eu ganho com isso?

Como vimos no blog anterior, a cultura da competência causa danos profundos na vida das pessoas, como a perda de identidade e propósito. Isso por si só já é algo terrível, mas há ainda outra consequência dessa cultura: a perversão nos relacionamentos.

Quando Lúcifer pensou que seu valor estava no que fazia, creu que deveria ser tratado e reconhecido segundo sua competência, segundo o que julgou merecer, segundo sua vaidade. Com isso, ele foi o primeiro a instituir a prostituição na relação, ou seja: a relação a partir da troca do que se tem a oferecer pelo benefício que acha que merece (prazer, reconhecimento, honra, retorno financeiro, seguidores, exaltação, direitos, correspondência às suas reivindicações e etc). Esse é o comércio que se achou no coração de Lúcifer. “Por meio do seu amplo comércio, você encheu-se de violência e pecou.” (Ezequiel 28:16)


A partir disso, podemos entender que o princípio da prostituição é muito mais amplo do que uma mulher ou homem que recebe dinheiro em troca de relação sexual. A prostituição está em TODO relacionamento que tem por fundamento receber o benefício, o reconhecimento, a recompensa, o que o outro tem para oferecer. Ou seja, a pessoa só entrega o melhor dela, as virtudes e compromissos se o outro lhe der algo proporcional em troca (segundo suas expectativas pessoais). Se não for assim, é então gerada uma dívida ou rejeição em relação ao próximo. Tudo isso nada mais é do que vaidade.

Quem vive debaixo do princípio da prostituição está sempre muito frustrado, porque nunca se vê reconhecido e retribuído segundo o que acha que merece. Essa frustração gera muita dor, ressentimento e amargura, afundando-se cada vez mais. É a dor do orgulho ferido, da vaidade não atendida. Há ainda aqueles que se frustram também por nunca conseguirem atender as reivindicações de reconhecimento e retribuição que outras pessoas cobram, fermentando frustração e amargura em seu coração.

O princípio da prostituição está em todas as esferas da sociedade. É um dos grandes catalisadores de discórdia entre os irmãos, algo que o Senhor abomina e detesta. “Há seis coisas que o Senhor odeia, e uma última que ele simplesmente detesta: olhos arrogantes, a língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que só pensa em fazer o mal, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que profere mentiras para prejudicar alguém, e o que espalha discórdia entre irmãos” (Provérbios 6:16).

Mas é na família que este princípio causa maior estrago. Muitas famílias são destruídas por viverem debaixo desse fundamento da expectativa, do benefício e do reconhecimento (prostituição). Muitos homens, na verdade, não se casaram para formar uma família em compromisso e amor, e sim para satisfazer seu ideal de ter uma “mulher hollywoodiana”, satisfação sexual plena e ser tratado por sua esposa exatamente como sua mãe o tratava. São homens que já se casaram atribuindo um preço por seu amor, fidelidade e compromisso; e quando por qualquer motivo pensam não ter mais aquilo que era a base do seu casamento, sentem que não estão sendo reconhecidos e pagos (recompensados) à altura do que julgam merecer, e então não pensam duas vezes em se separar.

Muitas mulheres, na verdade, também não se casam para formar uma família e lutar junto para construir a vida, mas sim, casam com seu ideal de ostentação e reputação de um homem bem sucedido profissionalmente / financeiramente ou até famoso. Não importa se o marido tem caráter e nem como ela é tratada por ele. Só se importa se ele oferece todas as comodidades que seu coração deseja. Inclusive, algumas dessas mulheres tratam mal seu marido, o difamam para as amigas / família e às vezes até lhe nega a intimidade quando este não lhe dá ou faz aquilo que ela deseja. Quando por qualquer motivo sente que o preço estabelecido para tê-la não está mais sendo pago, também abandona sua família em busca de alguém que lhe pague adequadamente por aquilo que ela oferece.

Filhos são rejeitados e destruídos por causa dessa cultura da prostituição. Muitos casais hoje nem querem tê-los, pois não vêem nenhum benefício nisso. Só os enxergam como aqueles que deformam o corpo da mulher, roubam sua carreira e lhes trazem prejuízo financeiro. Já entre os casais que desejam ter filhos, muitos deles já deixam bem claro desde o início, que só vão se sentir plenamente realizados (pagos, recompensados) se o filho for do sexo desejado (Isso pode parecer pequeno, mas não é. Existem filhos extremamente feridos por causa disso). Há ainda pais que imputam dívidas eternas aos filhos, impondo fardos e reivindicações enormes como recompensa (pagamento) por todo o “sofrimento” que foi para cuidar deles, e quando estes filhos não atendem suas reivindicações são rejeitados e difamados. Como consequência, há filhos adultos com feridas profundas de rejeição causadas pelas reivindicações de seus pais.

Perversão e prostituição estão tão entranhadas em todas as esferas de relacionamentos, que até mesmo com Deus nós tentamos nos prostituir. Só porque temos uma vida moral aceitável socialmente, vamos à igreja, dizimamos, ofertamos, oramos, jejuamos, e até nos envolvemos em algum ativismo religioso, achamos que temos algum direito diante de Deus. Então, na primeira situação difícil ou frustrante, jogamos tudo isso na cara d’Ele, reivindicando os benefícios e o poder de Deus como se Ele nos devesse algo. Muitas pessoas ficam amarguradas com Deus e até O abandonam por causa disso, pois obviamente o Senhor não se corrompe com nosso coração pervertido.

Tudo isso é prostituição! Para Deus não há diferença entre a prostituição física e essa (cultural). Esses são poucos exemplos de relacionamentos com base na conveniência, no benefício, no que se tem para oferecer, na expectativa do reconhecimento, no interesse próprio. Isso não é amor, é prostituíção, é vaidade, e está destruindo as famílias, as relações, as gerações e as amizades.

O amor não é assim. O amor não busca o próprio interesse. O amor não busca o benefício próprio. O amor assume o compromisso. O amor ama primeiro, vai na frente, se entrega primeiro, sem interesse, sofre o dano se for preciso e sempre sem ressentimentos. Só o verdadeiro amor pode redimir as relações e consequentemente as famílias dessa perversão terrível.

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:4-7)

Cristo é o nosso referencial de amor. Ele é aquele que entregou tudo, literalmente entregou sua carne e seu sangue sem nenhum interesse, sem pedir nenhum benefício em troca, nem mesmo pediu para ser amado como retribuição de Seu amor. Ele não nos gerou dívida, não nos fez devedores de nada, muito pelo contrário, Ele pagou toda dívida que era nossa. Somos livres, inclusive para rejeitá-Lo. Se Jesus esperasse algo em troca, seja antes ou depois d’Ele morrer na cruz, não seria amor.

“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1 João 4:10)

Jesus é o primogênito, ou seja, Ele é o primeiro dos filhos de Deus, e nEle está o testemunho de como um filho de Deus se comporta. Então o testemunho do amor de Jesus não é simplesmente para ser contemplado, como quem fica maravilhado por ser tão amado por alguém. Mas o Seu amor é referência para que sejamos como Ele, e amemos como Ele, ou seja, sem interesse, sem vaidade, sem reivindicações, porque se houver um mínimo que seja de interesse, já não é amor.
“Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Romanos 8:29)



Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Nosso valor: Competência ou Caráter?

Desde crianças somos condicionados a crer que nosso valor está em nossos dons e habilidades, no que fazemos e produzimos, no que ganhamos e conquistamos. Essa é a cultura da competência, onde o que tem valor em relação a nós mesmos e aos outros é o desempenho, resultado, dons e o custo-benefício do que se pode entregar. Esse pensamento/cultura entorpeceu a mente das pessoas e tem consequências terríveis para nós mesmos, para as relações e principalmente para nossa família.

Essa cultura surgiu no coração de Lúcifer. Como ele era muito competente em tudo o que fazia, entendeu que seu valor estava nisso, e em sua justiça própria achou que deveria ser tratado e reconhecido segundo sua competência (a ponto de se julgar merecedor de usurpar o lugar de Deus. Ezequiel 28:11-19, Isaías 14:12-14). A partir desse momento, Lúcifer perdeu sua identidade e propósito para sempre. Assim também acontece conosco quando assimilamos essa cultura da competência. Por acreditarmos que nosso valor está no que fazemos e no nosso desempenho, primeiramente perdemos nossa identidade, e consequentemente nosso propósito. 

Essa cultura da competência que começou no coração de Lúcifer, entrou na humanidade desde o Éden. Foi a serpente quem colocou no coração do homem que o dia que eles fizessem algo, eles seriam alguém. “Disse a serpente à mulher: ‘Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal.’” (Gênesis 3:4). Assim foi gerado o sofisma, pois eles já eram a imagem e semelhança de Deus, e essa era sua identidade e valor. “Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” (Gênesis 1:26). 


Somos doutrinados, por todos os lados, a crer que só vamos ter valor, ser honrados, dignos e aceitos diante das pessoas se formos muito bons em algo que fazemos. Nessa cultura das competências o valor do caráter de filho de Deus foi trocado pelos dons, habilidades, desempenho e profissão. Aliás, não é coincidência que profissão se misturou com identidade. Nossa identidade deixou de ser o que somos (natureza, caráter, virtudes), e passou a ser o que fazemos. Tire a profissão de uma pessoa, e a maioria não sabe mais falar quem é. 


Exemplo social disso é que muitos pais concentram todo seu esforço para assegurar que seus filhos se tornem excelentes profissionais de “sucesso” quando adultos, mas se eximem do verdadeiro compromisso de transmitir testemunho, caráter, afeto, direção, disciplina e identidade. 


Desde crianças somos ensinados a admirar as pessoas pelas competências e não pelo caráter. Artistas, esportistas e grandes empresários (ex.: Pelé, Ayrton Senna, Michael Jackson, Tom Cruise, Bill Gates) são exaltados por suas habilidades e não por seu caráter. Essa fantasia de “pessoa de sucesso” traz muita frustração e sentimento de fracasso para quem não alcança o reconhecimento de suas competências da forma idealizada.



Há também aqueles que até alcançam o nível de competência ufanado socialmente ou estipulado por si mesmo. Ainda assim, muitos desses continuam se sentindo vazios e sem propósito, apesar da reputação alcançada. É a frustração de ter chegado onde queria, mas estar longe do propósito, longe da sua verdadeira identidade.


O sofisma das competências nos coloca cada vez mais distantes da nossa verdadeira identidade, do que realmente tem valor, pois nessa cultura não importa mais quem somos, mas sim o que fazemos e se fazemos bem. Não importa mais manifestar a natureza de filho de Deus. Não importa mais ser um pai/mãe que são exemplos para os filhos em compromisso, honra, caráter, humildade, integridade e temor de Deus. Não importa mais ser um marido que mata a cada dia seu egoísmo, luxúria, orgulho, machismo, e busca em seu compromisso de amor, ser um lugar seguro para a sua esposa. Não importa mais ser uma esposa que faz da casa o lar para sua família, que é refúgio e transmite princípios para seus filhos. 


Primeiramente precisamos entender que o Senhor não se relaciona conosco na perspectiva das competências. Isaías 58 nos conta de um povo muito competente em seus jejuns. Deus fala que eles eram tão bons nisso que até pareciam estar realmente buscando a Ele. Mas o Senhor nunca aceitou aquele jejum, porque apesar de serem bem competentes nisso, estavam cheios de justiça própria e de injustiça para com o próximo, seu caráter e coração estavam corrompidos. Por isso para o Senhor, apesar de serem tão competentes no que faziam, aquilo não tinha valor algum.


Amós 5 nos fala de um povo que era muito competente em suas liturgias religiosas, suas festas solenes e suas ofertas ao Senhor. Mas Deus diz que desprezava e odiava tudo aquilo, pois todo aquele esforço não passava de justiça própria, nada valia sem ter um coração reto e justo.


Quando Deus se manifesta no batismo de Jesus, Ele não descreve o currículo de Cristo, todo seu poder, sua posição de também ser Deus e suas competências. Mas Ele diz: “Este é o meu Filho amado, de quem me agrado” ( Mateus 3:17). Deus vem falar de sua origem, sua natureza (caráter) e propósito, ou seja, sua identidade. Quando Deus diz que Jesus é o seu Filho, não está simplesmente falando de uma posição. Filho fala de uma natureza, cultura, ou seja, Jesus Cristo, Filho de Deus, fala daquele que expressa plenamente a natureza e o caráter do Pai. Tanto é que posteriormente Jesus diz que quem O vê, também vê o Pai. “Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” (João 14:9).


Os judeus criam que o Messias (Jesus) viria com todos os seus dons, força e poder (competências) para levantar e treinar um exército que os libertaria das mãos dos seus opressores. Contudo, a salvação do Messias não foi para transformá-los em fortes, valentes e motivados guerreiros e nem faze-los livres das escravidão romana. A salvação de Jesus não veio atribuir competências, mas veio nos dar uma identidade de filhos de Deus, ou seja, convicção de origem (viemos do Pai), natureza (caráter de Cristo) e propósito (Manifestar Cristo, independente das competências). A salvação de Cristo Jesus veio nos fazer filhos de Deus! 


“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus.” (João 1:12)


“ Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”. (Romanos 8:29)


Hoje em dia dedicamos praticamente toda nossa vida para desenvolver nossos dons, habilidades e competências, seja em busca de sentir-se valorizado diante das pessoas e/ou até para si mesmo. Contudo o nosso valor não está nas nossas competências. O nosso valor está na nossa identidade e caráter, em quem somos. É isso que gera honra. 


Os nossos dons, habilidades e competências nunca serão nossa identidade, mas apenas meios que revelam quem realmente somos. Vejamos o exemplo de um policial, que é um trabalho nobre e muito digno. Ele é excelente no que faz, dedicado, talentoso e etc, e ainda leva sustento e coloca comida na mesa de sua família. No entanto… sendo ele corrupto (mesmo que ninguém saiba), seria esse policial um homem digno e de honra? Jamais! Como ninguém sabe, ele até teria reputação de homem honrado, mas nunca o seria de verdade. O que ele leva para a casa não é sustento e alimento, mas sim desonra e maldição. Espiritualmente aquela comida é veneno para sua família, e não vida. Pois só podemos oferecer de verdade aquilo que somos. “Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons.” (Mateus 7:17:18). Não é nossa competência que diz quem somos, mas sim nossa identidade e caráter, e é nisso que está nosso verdadeiro valor.


Desempenhar bem nossas atividades e dons não somente é lícito, como devemos sim fazê-lo. O problema é que isso se misturou com nossa identidade, e roubou nosso verdadeiro propósito. O homem mais talentoso e competente do mundo em sua área não conseguirá gerar segurança no coração de sua esposa com seus dons. Nem a mulher fará um homem se sentir amado, honrado e respeitado pela sua competência. Muito menos os pais conseguirão ser direção, testemunho, exemplo de vida e princípios para os seus filhos simplesmente com seus dons, habilidades e competências.


Nosso valor não está em nossas competências. Nosso valor está em nossa identidade, caráter e propósito. A vida está em entendermos que primeiramente somos filhos de Deus. Filhos que num processo de amadurecimento se tornarão maridos, esposas e pais. Filhos que entendem que suas competências e afazeres são apenas ferramentas de provisão financeira, servir as pessoas e meios de manifestar a sua natureza de filho de Deus. É isso que nos salvará de uma vida sem sentido. É isso que salvará nossa família do abandono, solidão, perdição e orfandade.


Jesus morreu na cruz para que entendêssemos que o nosso valor está em nossa identidade, caráter e propósito, ou seja, em sermos filhos de Deus. 


Geraldo Júnior e Valéria Morais

Transformados pela Renovação do Pensamento

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