diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: junho 2019

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Meus direitos... (Justiça Própria I)

Na história do mundo, as diversas culturas sempre se destacaram por suas particularidades, e apesar de tantas misturas que ocorrem hoje por causa da globalização, ainda percebe-se algumas dessas diferenças de forma bem evidentes. Contudo, existe uma cultura de pensamento, uma forma de enxergar a vida que sempre esteve em todas as culturas, independente de suas particularidades, e que é assim até hoje: a JUSTIÇA PRÓPRIA, e ouso afirmar que esse pensamento está em seu auge nos dias atuais. 

A justiça própria é um pensamento maligno, que passa despercebido, pois tornou-se cultural, inclusive no meio cristão, e tem devastado pessoas, famílias, congregações, cidades e nações.

Como o próprio nome diz, podemos conceituar justiça própria como a justiça fundamentada em nossos próprios valores, princípios e crenças. O problema é que esta justiça nasce em nós mesmos, e por isso é extremamente corrompida pela natureza humana caída. Por isso o profeta Isaías afirma que nossa justiça é como absorvente usado. “... Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo.” Is. 64:6

A justiça própria pode se manifestar de três formas, sendo que a primeira vou compartilhar neste blog e as outras em blogs seguintes.

Nessa primeira manifestação, ela se apresenta como o senso de direito que se tem dentro das relações e circunstâncias da vida.

É por causa desse senso de direito (justiça própria) que existem tantas guerras, dissensões, rixas, divisões e reivindicações em nosso meio. É por causa desse senso de direito (justiça própria) que tantos relacionamentos são destruídos, seja dentro ou fora da família.

Isso acontece porque, como já foi dito, esse pensamento de justiça própria nos faz sentir no direito de muitas coisas, e o problema começa quando esses “direitos” não são respeitados. Por exemplo: um marido/pai tem até uma aparência de piedoso (provém recursos materiais e emocionais para a família, passa tempo com ela, ajuda nos afazeres, saem para passear e etc.), contudo, no coração dele, ele não está se entregando como oferta à família, e sim investindo, agregando créditos e direitos, os quais serão cobrados na hora certa. Tudo o que ele fez, na verdade, foi para justificar que ele adquiriu direitos de viver como bem quiser (com seu tempo, dinheiro, bens, hobbies,...) sem ser questionado. E se for questionado, já tem a sua defesa pronta: “Eu trabalhei, já gasto muito com vocês, o dinheiro é meu, posso fazer o que eu quiser com ele!”; “ Já passeei com vocês, agora posso sair, farrear ou curtir meu tempo na tv do jeito que eu quiser!” e vários outros exemplos... Ele na verdade não é nada daquilo que aparentava ser, apenas acumula argumentos, justificativas e DIREITOS para continuar tendo a vida egoísta que queria ter.

Há também a mulher/esposa que faz tudo pela família. Cuida bem dos filhos e marido, se “doa” a eles de diversas formas. Entretanto, se ela não foi vista, reconhecida ou recompensada segundo o seu senso de direito (justiça própria), se torna amargurada (tornando a vida de todos um inferno), pois tudo o que ela fez não foi se doar pelos seus, mas sim por si mesma, para que tivesse direito e crédito para usar depois. Suas atitudes não foram uma oferta pela família, e sim um acumular de argumentos, justificativas e DIREITOS para reivindicar recompensas e viver como quiser (chantagens emocionais, atenção, hobbies, controle da vida de todos a sua volta). A mulher se sente no direito de mudar todos na sua casa, pois como ela fez tanto pela família, todos tem que se adaptar ao modo como ela quer que as pessoas se comportem. E quando seus “direitos” não são atendidos, se sente no direito de ficar emburrada, murmurando e reclamando de tudo e todos, exalando fel em todo lar.

Como foi dito, esses são apenas alguns exemplos de como essa cultura se manifesta na família.

Esse senso de direito (justiça própria) também se manifesta em outros lugares como: trânsito, escolas, trabalho, igreja; não faltariam exemplos. Mas com certeza é dentro da família o seu maior estrago.

Essa cultura da justiça própria na perspectiva do direito diz muito forte ao nosso coração: “Eu posso, eu tenho direito, isso é lícito!”. E de fato, muitas coisas que se quer viver dentro de uma vida egoísta é lícito. "‘Tudo é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo é permitido’, mas nem tudo edifica. Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.” (1 Coríntios 10:23,24). É lícito, mas não convém, porque a motivação é egoísta e o fruto disso (mesmo sendo algo lícito) são relacionamentos feridos, casamentos destruídos, filhos abandonados, solidão e morte. “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”. (Tiago 3:16)

Graças a Deus, temos em Cristo a cura para essa cultura de pensamento. Se existe alguém que teria todo o direito legítimo de reivindicar algo na face da Terra, seria  Cristo “...que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”. (Filipenses 2:6-8)

Cristo veio para nos dar o exemplo de como é a cultura do Reino de Deus. A natureza de Jesus Cristo é não viver para si mesmo, e ensina que a vida não está em vivermos para nós mesmo, reivindicando direitos; e sim para o outro, assumindo responsabilidades, e se necessário até sofrer o dano, para que as relações sejam curadas e salvas. Jesus fez exatamente isso, não veio reivindicar seus direitos, mas assumir a responsabilidade (que nem era d’Ele, pois nunca pecou) e sofrer o dano para nos curar e salvar. 

Cristo nos chama a sermos como Ele é. Foi para isso que Ele veio: para ser o primeiro de muitos irmãos. “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Romanos 8:29)

A Verdadeira Justiça do Reino é ofertar a nossa vida aos irmãos (sem reivindicação de “direitos”), assim como Cristo nos deu a si mesmo para nos salvar e nada pediu em troca.
“Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva. Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nele. Deus quis mostrar com isso que ele é justo.” (Romanos 3:24-26)

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
https://renovacaodopensamento.blogspot.com.br/