diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: 2019

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Eu sei... (Justiça Própria II)

Nesta segunda parte, temos a justiça própria em seu modo mais clássico, mais grosseiro. É a justiça própria na perspectiva do “eu sei”. Nesta forma de pensar, a pessoa tem um conceito exaltado, elevado, arrogante e orgulhoso sobre si mesmo e sobre a vida de modo geral. Crê que sabe viver, sabe dirigir sua vida, sabe o que é melhor para ela e para as pessoas; e muitas vezes crê até que sabe o que Deus deveria ou não fazer. Acredita que possui toda a habilidade, sabedoria e entendimento (inteligência, idéias, etc) para viver por si mesmo, e que suas limitações são apenas de recursos e poder. 

Geralmente a pessoa que vive nesse pensamento de justiça própria do “eu sei”, é extremamente rígida, inflexível; pois, afinal ela “já sabe”. Então tudo tem que ser do seu jeito, e muitas vezes nem se submete aos processos, porque do "seu jeito" é melhor. Esse é o tipo de pessoa que faz todo o planejamento da sua vida, decide como tudo deve ser, o caminho a ser trilhado, e depois apenas apresenta para Deus abençoar. Isso porque ela não precisa de Deus para guiá-la, só precisa de Deus para abençoá-la, pois já sabe como a sua vida deve ser dirigida e onde deve chegar.

O problema dessa cultura  é que primeiramente a pessoa sofrerá muitas frustrações como consequências de suas decisões arrogantes, pois obviamente Deus não se submeterá ao que ela acha que sabe. O Senhor, por causa de seu compromisso com o propósito individual que tem com cada um de seus filhos, cumprirá tudo o que  precisa fazer na vida deste e em sua volta, e muito provavelmente não é nada daquilo que a pessoa pensa. Como consequência a pessoa vai se tornando extremamente amargurada e irada, porque Deus não tem compromisso com a justiça própria de ninguém.  Esse é um dos principais motivos que leva alguém a abandonar a Deus e a Igreja. 

Por causa da frustração, raiva e amargura por Deus não se submeter às suas vontades, caprichos e justiça própria, o emocional deste indivíduo é comparado a estar em um eterno furacão. A aflição, angústia e dor constantes de quase nunca conseguir que as coisas sejam segundo o seu “eu sei”. A pessoa pensa que Deus é injusto, e não entende porque Ele não faz tudo na sua vida segundo sua justiça própria (eu sei), e na verdade ela pensa que seria um deus melhor do que Deus. 

Em segundo lugar a justiça própria torna o indivíduo muito inflexível, rígido, e por isso ele fere muito os relacionamentos, a ponto de destruí-los, inclusive a própria família; pois como está preso no “eu sei” (justiça própria), não vai conseguir sair de si mesmo, sair da sua “razão”, sofrer o dano, ser oferta às pessoas e realmente manifestar o amor. Ele não consegue mais enxergar aos outros, nem se colocar no lugar deles; crê que sua forma de pensar é a melhor e é a lógica a ser seguida. Como se tornou inflexível, (pois acha que sabe como viver, o que é bom para ele e para os outros) vai determinar que todos a sua volta aceitem o seu caminho e andem segundo a sua vontade. Não aceita ouvir ninguém, sendo que aqueles que não aceitarem isso, irão sofrer diversos tipo de consequências: preconceitos, indiferença, rejeição e punições até mais violentas. 

Dentro da justiça própria, o que importa é ter tudo segundo a sua forma de pensar; e nisso, os outros e os relacionamentos não  têm mais importância. Assim a pessoa dentro de sua justiça lutará com todas as forças para que tudo seja conforme acredita, sem levar ninguém em consideração; e consequentemente, destruirá de dentro para fora sua família e os relacionamentos.

Na verdade, destruição é algo que acompanha a vida de quem escolhe viver essa justiça própria. É destruição nas emoções, nos relacionamentos, no caráter, na personalidade, no propósito; e pode até se materializar em destruição nas finanças, na saúde e na família. “O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça”. (Provérbios 16:18)

Jó foi assim, alguém guiado por si mesmo, pela sua justiça própria, pelo seu próprio entendimento, pela sua arrogância de crer que tinha nele mesmo tudo que precisava para viver. "Fico firme e não desisto de dizer que estou certo, pois a minha consciência nunca me acusou." (Jó 27:6) Jó acreditava tanto que seu pensamento (justiça própria) era mais do que suficiente para viver bem, que considerou seus pensamentos acima dos pensamentos de Deus. “Então, do meio da tempestade, Deus respondeu a Jó assim: ‘Será que você está querendo provar que sou injusto, que eu sou culpado, e você é inocente?’” (Jó 40:6 e 8) Jó cria que não precisava de Deus, só precisava do seu poder para abençoar os seus caminhos “perfeitos”. E nisso, ele se afundava cada vez mais em si mesmo, na sua própria arrogância, colhendo para si e para os seus morte e destruição. "Aquilo que eu temia foi o que aconteceu, e o que mais me dava medo me atingiu. Não tenho paz, nem descanso, nem sossego; só tenho agitação.” (Jó 3:25-26).

Mas Deus tem um plano para tirar seus filhos deste caminho de destruição. “Por isso diz a Escritura: ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes.’” (Tiago 4:6). Ele mesmo resiste ao nosso “eu sei como viver e pensar”, e muitas vezes nos permite também sofrermos as consequências de viver assim (“O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça”. Provérbios 16:18), para que vejamos  os frutos de morte desse caminho, e possamos ter esperança para entender o quão terrível é andar assim, e talvez desejar sair desse percurso. 

Aos que entenderem e aceitarem abrir mão dessa justiça própria do “eu sei”, para aqueles que estão cansados de tanta dor, frustração, amargura, raiva e destruição e aceitarem não ser mais deuses sobre a própria vida e se transformarem em filhos de Deus, o Senhor mesmo já os enviou socorro: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês.”  (Mateus 11:28)

Quando Jesus veio, Ele nos mostrou como é a natureza de um Filho de Deus. Um Filho que se submete ao Pai, e entende que todo seu propósito e direção de vida é revelada por Deus, para manifestar a natureza e vontade do Pai, e não a sua própria. “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!”  (Filipenses 2:5-8). 

Como filhos de Deus, devemos discernir que o propósito de nossa vida não está em nós mesmos, sendo deus de si próprio; precisamos aprender na medida em que conhecemos ao Pai, que n’Ele teremos toda a direção, sabedoria e recursos para entender e viver o propósito de Deus para nossas vidas. “Jesus lhes deu esta resposta: ‘Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz’.” (João 5:19) “Pois não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e o que falar.” (João 12:49)

Jesus mesmo é o Caminho, a referência que nos tira desse  percurso de morte e destruição da justiça própria do “eu sei”,  trajeto de aflição, angústia e sofrimento para si mesmo e todos aqueles que se ama. “Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.” (Mateus 11:29)

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A dor da Injustiça

Ahhhh a dor da injustiça… como dói! Ela transpassa a alma, dilacera o coração. Nos inunda com raiva, dor, indignação, amargura, violência e justiça própria. Nos enche de direitos e reivindicações. Nos torna justiceiros (justiça própria) em toda e qualquer situação, para ver se é possível aliviar um pouco da dor, ou ao menos não sentir mais dores de outras injustiças. 

Por causa da dor da injustiça sofrida, como forma de defesa determinamos no nosso coração que nunca mais sofreremos injustiça, e nisso  passamos a ser guiados pela justiça própria, nos tornando deuses sobre nossa própria vida. Nos transformamos no tipo de indivíduo, que por causa da injustiça, se sente no direito de ser egoísta, de viver e fazer só o que quer, para ter certeza de que não sofrerá mais injustiça. Nos tornamos pessoas extremamente arrogantes e cheias de si mesmas. Gente que vive em função da injustiça que sofreu, buscando sempre controlar tudo ao seu redor, para que assim, segundo sua justiça própria, seja feita pelo menos um pouco de “justiça”. A pessoa adquire um apego à injustiça sofrida, para justificar sua busca por “justiça”, suas reivindicações e seu direito de viver do jeito que quiser.  A partir daí,  entra numa posição de vítima, onde absolutamente tudo se justifica por causa da injustiça sofrida.

Os argumentos geralmente são: "Vou fazer justiça do meu jeito, já que a vida e as pessoas têm sido tão injustos comigo”,  “Olha o quanto de injustiça já sofri! Não aceito passar por mais injustiças, tenho o direito de ser poupado de tudo!”. Ou ainda, “Como já sofri muitas injustiças, tenho o direito de viver do jeito que eu quiser, para garantir que não sofra mais ou para compensar a dor já sentida”. Muitas vezes há argumentos até diante de Deus, reivindicando que Ele faça isso ou aquilo ou deixe de fazer algo por causa das injustiças já sofridas. Caso o Senhor não cumpra suas exigências, fica revoltado com Deus.  

Muitos se entregam a raiva, ira e violência; e são extremamente nervosos e irritados. Outros se tornam rebeldes e egoístas, não se submetem a nada e nem a ninguém, sendo donos de si mesmos fazendo só o que querem e do jeito que querem. Há também os que se isolam, se escondem, se reprimem e muitos outros comportamentos, mas sempre com o objetivo de extravasar sua dor e revolta pelas injustiças sofridas. É o clamor da alma por justiça, mas dessa forma isso é apenas a manifestação de sua justiça própria.

O problema de viver em função da dor da injustiça padecida, e manifestar reivindicações de justiça própria, é que certamente as pessoas em sua volta, principalmente as da sua família vão ser muito feridas e machucadas. Ou seja, por decidir viver em função da dor da injustiça sofrida, a pessoa acaba se tornando aquele que produz dor e injustiça à todos. Assim se formam as correntes de injustiça.

Viver como injustiçado nunca produz justiça, só produz mais injustiça. Aquele que já sofre com a dor da sua injustiça sofrida, agora padece por causa da dor da injustiça que ele mesmo comete contra os seus. O que era sofrimento, agora é tortura. É dor sobre dor, injustiça sobre injustiça. 

Essas correntes de injustiça são uma prisão, onde um fere o outro, na tentativa de aliviar ou se proteger da dor, mas na verdade só gera mais dor e injustiça. “Quem cometer injustiça receberá de volta injustiça, e não haverá exceção para ninguém.” (Colossenses 3:25)

É preciso quebrar essas correntes de injustiça, e isso só é possível fazendo Justiça. Não é se vingando que haverá Justiça, nem tão pouco se tornando egoísta, arrogante e violento. Pedir para Deus fazer justiça se vingando ou punindo as pessoas que nos feriram também não. Se tornar deus sobre si mesmo, rebelde e independente não cessará a injustiça. Nenhuma manifestação de justiça própria jamais produzirá Justiça!

A Justiça ocorre quando há o perdão em relação àqueles que foram o motivo da injustiça, e o desapego e renúncia aos direitos e reivindicações atribuídas a si mesmo por causa da dor da injustiça. 

Se aquela injustiça que causou tanta dor, revolta e indignação foi perdoada; se aquela reivindicação por justiça própria foi cancelada pelo perdão, então aquela injustiça já não existe mais, gerando assim Justiça. Não existindo mais a ofensa da injustiça, não subsiste mais os argumentos para um vida em função de ser sempre vítima e cheio de manifestações de justiça própria, direitos e reivindicações; que ferem, machucam e geram mais injustiças na vida daqueles que tanto ama, principalmente os da família. Com a injustiça destruída pelo poder do perdão, a pessoa que perdoou torna-se livre para viver no Amor: se entregar aos cuidados, responsabilidades, compromissos, afetos e quando preciso até sofrer o dano pelos os seus, exercendo assim Justiça. Da mesma forma que anteriormente a injustiça gerava mais injustiça, agora a Justiça gera ainda mais Justiça. O profeta Isaías diz que nesse momento, a tão desejada cura para a dor da injustiça virá, tanto para si mesmo quanto para os seus: “Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura”. (Isaías. 58:8). “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.” (Mateus 5:6)

Foi exatamente isso o que Jesus fez por nós, quando Ele pagou nossas dívidas pelo pecado e nos perdoou: “Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:23-26)

Como Ele perdoou todas as nossas injustiças, e rasgou o escrito de dívida, onde está a injustiça? Não mais subsiste, fez-se Justiça! Ele nos Justificou, para que possamos ser verdadeiramente Justos, e fazer Justiça também, não segundo nossa justiça própria, mas segundo a Justiça do Pai. “Porque aqueles que já tinham sido escolhidos por Deus ele também separou a fim de se tornarem parecidos com o seu Filho. Ele fez isso para que o Filho fosse o primeiro entre muitos irmãos.” (Romanos 8:29).

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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segunda-feira, 17 de junho de 2019

Meus direitos... (Justiça Própria I)

Na história do mundo, as diversas culturas sempre se destacaram por suas particularidades, e apesar de tantas misturas que ocorrem hoje por causa da globalização, ainda percebe-se algumas dessas diferenças de forma bem evidentes. Contudo, existe uma cultura de pensamento, uma forma de enxergar a vida que sempre esteve em todas as culturas, independente de suas particularidades, e que é assim até hoje: a JUSTIÇA PRÓPRIA, e ouso afirmar que esse pensamento está em seu auge nos dias atuais. 

A justiça própria é um pensamento maligno, que passa despercebido, pois tornou-se cultural, inclusive no meio cristão, e tem devastado pessoas, famílias, congregações, cidades e nações.

Como o próprio nome diz, podemos conceituar justiça própria como a justiça fundamentada em nossos próprios valores, princípios e crenças. O problema é que esta justiça nasce em nós mesmos, e por isso é extremamente corrompida pela natureza humana caída. Por isso o profeta Isaías afirma que nossa justiça é como absorvente usado. “... Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo.” Is. 64:6

A justiça própria pode se manifestar de três formas, sendo que a primeira vou compartilhar neste blog e as outras em blogs seguintes.

Nessa primeira manifestação, ela se apresenta como o senso de direito que se tem dentro das relações e circunstâncias da vida.

É por causa desse senso de direito (justiça própria) que existem tantas guerras, dissensões, rixas, divisões e reivindicações em nosso meio. É por causa desse senso de direito (justiça própria) que tantos relacionamentos são destruídos, seja dentro ou fora da família.

Isso acontece porque, como já foi dito, esse pensamento de justiça própria nos faz sentir no direito de muitas coisas, e o problema começa quando esses “direitos” não são respeitados. Por exemplo: um marido/pai tem até uma aparência de piedoso (provém recursos materiais e emocionais para a família, passa tempo com ela, ajuda nos afazeres, saem para passear e etc.), contudo, no coração dele, ele não está se entregando como oferta à família, e sim investindo, agregando créditos e direitos, os quais serão cobrados na hora certa. Tudo o que ele fez, na verdade, foi para justificar que ele adquiriu direitos de viver como bem quiser (com seu tempo, dinheiro, bens, hobbies,...) sem ser questionado. E se for questionado, já tem a sua defesa pronta: “Eu trabalhei, já gasto muito com vocês, o dinheiro é meu, posso fazer o que eu quiser com ele!”; “ Já passeei com vocês, agora posso sair, farrear ou curtir meu tempo na tv do jeito que eu quiser!” e vários outros exemplos... Ele na verdade não é nada daquilo que aparentava ser, apenas acumula argumentos, justificativas e DIREITOS para continuar tendo a vida egoísta que queria ter.

Há também a mulher/esposa que faz tudo pela família. Cuida bem dos filhos e marido, se “doa” a eles de diversas formas. Entretanto, se ela não foi vista, reconhecida ou recompensada segundo o seu senso de direito (justiça própria), se torna amargurada (tornando a vida de todos um inferno), pois tudo o que ela fez não foi se doar pelos seus, mas sim por si mesma, para que tivesse direito e crédito para usar depois. Suas atitudes não foram uma oferta pela família, e sim um acumular de argumentos, justificativas e DIREITOS para reivindicar recompensas e viver como quiser (chantagens emocionais, atenção, hobbies, controle da vida de todos a sua volta). A mulher se sente no direito de mudar todos na sua casa, pois como ela fez tanto pela família, todos tem que se adaptar ao modo como ela quer que as pessoas se comportem. E quando seus “direitos” não são atendidos, se sente no direito de ficar emburrada, murmurando e reclamando de tudo e todos, exalando fel em todo lar.

Como foi dito, esses são apenas alguns exemplos de como essa cultura se manifesta na família.

Esse senso de direito (justiça própria) também se manifesta em outros lugares como: trânsito, escolas, trabalho, igreja; não faltariam exemplos. Mas com certeza é dentro da família o seu maior estrago.

Essa cultura da justiça própria na perspectiva do direito diz muito forte ao nosso coração: “Eu posso, eu tenho direito, isso é lícito!”. E de fato, muitas coisas que se quer viver dentro de uma vida egoísta é lícito. "‘Tudo é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo é permitido’, mas nem tudo edifica. Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.” (1 Coríntios 10:23,24). É lícito, mas não convém, porque a motivação é egoísta e o fruto disso (mesmo sendo algo lícito) são relacionamentos feridos, casamentos destruídos, filhos abandonados, solidão e morte. “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”. (Tiago 3:16)

Graças a Deus, temos em Cristo a cura para essa cultura de pensamento. Se existe alguém que teria todo o direito legítimo de reivindicar algo na face da Terra, seria  Cristo “...que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”. (Filipenses 2:6-8)

Cristo veio para nos dar o exemplo de como é a cultura do Reino de Deus. A natureza de Jesus Cristo é não viver para si mesmo, e ensina que a vida não está em vivermos para nós mesmo, reivindicando direitos; e sim para o outro, assumindo responsabilidades, e se necessário até sofrer o dano, para que as relações sejam curadas e salvas. Jesus fez exatamente isso, não veio reivindicar seus direitos, mas assumir a responsabilidade (que nem era d’Ele, pois nunca pecou) e sofrer o dano para nos curar e salvar. 

Cristo nos chama a sermos como Ele é. Foi para isso que Ele veio: para ser o primeiro de muitos irmãos. “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Romanos 8:29)

A Verdadeira Justiça do Reino é ofertar a nossa vida aos irmãos (sem reivindicação de “direitos”), assim como Cristo nos deu a si mesmo para nos salvar e nada pediu em troca.
“Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva. Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nele. Deus quis mostrar com isso que ele é justo.” (Romanos 3:24-26)

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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terça-feira, 16 de abril de 2019

Quebrando as correntes da injustiça

O livro de Isaías retrata uma época de muita destruição, perversão e corrupção em Israel, sendo isso facilmente visto no capítulo 57, onde Deus mostra o quanto o povo se perdeu em sua rebeldia e obstinação por andarem em seus próprios caminhos.  Ainda assim, no capítulo 58, o Senhor descreve que Israel era muito devoto e religioso, com aparência de nação que buscava a Deus. Apesar disso, o Senhor não os respondia. Vendo o clamor das pessoas por terem suas orações aceitas, o Senhor com sua misericórdia começa a trazer luz sobre o porquê apesar de tanta devoção, humilhação, jejuns extravagantes, eles não eram respondidos. Ele explica que suas mentes estavam entorpecidas e a injustiça tinha se tornado cultural, a ponto de acharem Deus injusto por não respondê-los.

Fazendo paralelo com os dias de hoje, apesar dos milhares de anos que separam aquela geração da atual, é exatamente esse cenário que encontramos. Somos uma geração, um povo extremamente devoto: as igrejas estão lotadas, os congressos e conferências mais cheios ainda; as pessoas estão orando, jejuando, dizimando, e fazendo campanhas após campanhas. Não que isso esteja errado, mas certamente só isso não é garantia de proteção nos relacionamentos e circunstâncias, pois ainda vemos que o cenário é de destruição e desolação: as famílias estão destruídas, divórcios numéricos, suicídios como nunca (inclusive de muitos líderes religiosos), filhos sem pais (e quando os possuem são órfãos de pais vivos), e esposas/maridos abandonados (viúvos de cônjuges que moram juntos).

Da mesma forma que Deus respondeu ao questionamento de Israel, Ele nos responde hoje também. O Senhor nos diz que apesar de nossa grande devoção, somos uma geração que só faz o que quer! 

“‘Por que jejuamos’, dizem, ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste?’ Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês (…) Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto.” (Isaías 58:3-4)

O “Eu quero” é o que nos guia! Somos uma geração guiada pelo nosso ventre, e pelo senso de direito. Um povo que vive em função do gozo a qualquer custo! Achamos que temos o direito de viver como queremos, e que não haverão consequências. Temos todos os argumentos possíveis: “Trabalho muito, e trabalho é para isso mesmo.”, “A vida é muito curta, tenho que aproveitá-la ao máximo possível do meu jeito.”, “Se eu não pensar em mim, quem vai pensar?!”, “Posso viver do jeito que eu quiser, posso gostar disso ou daquilo, pois é lícito, eu tenho DIREITO!”. 

É justamente aí que surge a injustiça que Deus traz a luz em Isaías 58. O Senhor explica que apesar de toda a devoção em jejuns e orações, o que Ele considera como verdadeira devoção, verdadeiro jejum, não é simplesmente a liturgia; o jejum que Ele quer é prático, é no dia a dia: é “soltar as correntes da injustiça.”

"O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?” (Isaías 58:6)

E o que é soltar as correntes de injustiça? Em Isaías, Deus diz que soltar as correntes da injustiça é “compartilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou e não recusar ajuda ao próximo” (Isaías 58:7).

Trazendo para a prática de nossa vida, a injustiça é nos retermos das pessoas, principalmente os da nossa casa (“Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” 1 Timóteo 5:8). O quebrar as correntes da injustiça é remover a injustiça em relação a um filho que busca se “alimentar” de seus pais em afeto, tempo, compromisso, direção, correção, e que nada encontra de suprimento, pois seus pais já se doaram em tudo para o trabalho, amigos, igreja, lazer, e o que sobrou desses pais é guardado para si mesmo: seu descanso, conforto e direitos. Filhos famintos que só encontram migalhas dos pais, isso quando encontram algo. Há também as esposas que estão morrendo de fome, porque a única coisa que conseguem do marido é dinheiro, e não atenção, carinho, conversa, ajuda em suas dificuldades emocionais, ajuda na criação dos filhos. Marido faminto por esposa com quem possam compartilhar suas angústias e dificuldades, e encontram apenas sugadoras cheias de si mesmas, que enxergam apenas o seu lado no casamento, não sendo auxiliadoras.

Quebrar a corrente da injustiça nos fala de filhos e esposas que buscam abrigo e amparo para sua alma, suas emoções, diante de tantas tempestades da vida e só encontram homens arrogantes e autoritários, que vivem como se o mundo girasse em volta deles, e  entendem que sua família está ali para servi-los e não atrapalhar os seus planos. E também maridos que se sentem desamparados, pois nos momentos de crises e dificuldades não encontram compreensão e apoio da esposa, e têm que passar pelas situações sozinhos. Muitas vezes esses pais/cônjuges são a própria causa das tempestades que vêm sobre a família, pois são mimados e egoístas, determinando que tudo o que vivem e têm é para fazê-los felizes, e nisso estão dispostos a sacrificar o próprio lar, tornando-o um inferno para todos.

Quebrar as correntes da injustiça da nudez, aponta para a família que está com suas vergonhas expostas diante de todos, como por exemplo a vergonha de uma esposa que tem marido, mas vive como viúva. A vergonha de ver os pais/cônjuge que são um sucesso no trabalho, empresa, igreja, estudos e etc, mas em casa, deixam a família desabrigada, desamparada, faminta e nua diante de todos. A vergonha de uma esposa que não tem o marido para compartilhar seu dia a dia, suas crises, suas alegrias, porque este cônjuge chega em casa e a única coisa que quer é ter todos os problemas resolvidos para ter paz e sossego, afinal, trabalhou para colocar comida na mesa e pagar as contas. Maridos que demonstram amor apenas fora de casa, mas em casa só entregam indiferença, pois têm direito ao “descanso merecido”. A vergonha de um marido que tem uma esposa controladora e manipuladora, querendo tudo apenas do seu jeito, e só vivendo para satisfazer suas futilidades; e diante das crises e frustrações desonra e difama seu marido. Vergonha de filhos que embora tendo pais vivos, vivem como órfãos, abandonados, sem direção, criados por outra pessoa da família, porque seus pais estavam ocupados demais para assumir a responsabilidade sobre eles, ou priorizaram seu lazer e conforto, não aceitando as mudanças que um filho acarreta na vida de qualquer pai ou mãe. A vergonha das feridas expostas através de todo tipo de enfermidade emocional e psicológica que existe hoje. 

Quebrar as correntes da injustiça na família nos fala também sobre ser para ela ajuda e suporte em suas dores, dificuldades, crises e necessidades. Isso só ocorre quando é quebrada a injustiça de pais/cônjuge que de tão cheios de si mesmos, nunca estão disponíveis para serem o suporte e a ajuda que a família necessita. Pais que querem ser eternos adolescentes com direitos a baladas, bares, cinemas, tv, tempo as sós; mas não querem a responsabilidade, o compromisso com o filho, o estar junto, do tempo de ócio, do tempo de correção, das conversas à toa que os fazem se sentir preciosos e gera a certeza de poder contar com seus pais em tudo, até mesmo nos assuntos importantes. Filhos que não têm pais participativos e presentes para contar histórias e expor assuntos sobre a vida, gerando identidade, responsabilidade e compromisso. Se um filho não consegue ter pais presentes no momento comum, não confiarão nesses pais para contar algo relevante, porque já entenderam que sua vida não é importante dentro de casa e que não podem contar com eles.

Deus ama seu povo e tem compromisso com ele, por isso não os desamparou: “Mas o povo que vivia nas trevas viu grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz!” (Mateus 4:16). O Pai nos enviou a Justiça d’Ele: O Sol da Justiça, a Estrela da Manhã, Seu filho amado Jesus Cristo. Ele veio para que sejamos livres de todas correntes da injustiça, e consequentemente nossa casa também. Essa é a Justiça de Deus: “ ...que Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós…” (Efésios 5.2) “Que Jesus veio não para fazer sua própria vontade, mas para fazer a vontade do Pai.” (João 6:38); que Ele nos deu a Si mesmo, por completo, para que por Ele não tenhamos mais fome, nem sede, nem nudez, nem desamparo, nem falta de abrigo. “Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: "Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.” (Lucas 22:19,20)

Ele foi o primeiro, para que possamos também ser filhos de Deus, irmãos de Cristo e sermos como Ele. “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” (João 14:12). Jesus foi o primeiro a partilhar a si mesmo, sua própria carne e sangue para que possamos comer e beber d'Ele. Jesus foi o primeiro para deixar o testemunho e nos capacitar a exercermos justiça para com relação ao nosso próximo, principalmente os da nossa casa. Ele nos capacita a dar-nos a nós mesmos, compartilhar de nós mesmos uns com os outros, não simplesmente o que temos, mas o que somos, sem reserva, assim como Cristo compartilhou d’Ele mesmo conosco. 

“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:35-40)

O sentido da vida não está nas coisas, e nem em nós mesmo, mas sim no outro! Em Jesus, temos tudo o que precisamos para sermos livres de toda injustiça que nos prende, para que Nele, possamos remover a injustiça sobre aqueles que amamos.

Fazendo Justiça, como Cristo fez Justiça, seremos vistos, ouvidos, socorridos para que mais e mais Justiça seja feita enquanto vivermos. “Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou.” (Isaías 58:8,9)

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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