diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: abril 2019

terça-feira, 16 de abril de 2019

Quebrando as correntes da injustiça

O livro de Isaías retrata uma época de muita destruição, perversão e corrupção em Israel, sendo isso facilmente visto no capítulo 57, onde Deus mostra o quanto o povo se perdeu em sua rebeldia e obstinação por andarem em seus próprios caminhos.  Ainda assim, no capítulo 58, o Senhor descreve que Israel era muito devoto e religioso, com aparência de nação que buscava a Deus. Apesar disso, o Senhor não os respondia. Vendo o clamor das pessoas por terem suas orações aceitas, o Senhor com sua misericórdia começa a trazer luz sobre o porquê apesar de tanta devoção, humilhação, jejuns extravagantes, eles não eram respondidos. Ele explica que suas mentes estavam entorpecidas e a injustiça tinha se tornado cultural, a ponto de acharem Deus injusto por não respondê-los.

Fazendo paralelo com os dias de hoje, apesar dos milhares de anos que separam aquela geração da atual, é exatamente esse cenário que encontramos. Somos uma geração, um povo extremamente devoto: as igrejas estão lotadas, os congressos e conferências mais cheios ainda; as pessoas estão orando, jejuando, dizimando, e fazendo campanhas após campanhas. Não que isso esteja errado, mas certamente só isso não é garantia de proteção nos relacionamentos e circunstâncias, pois ainda vemos que o cenário é de destruição e desolação: as famílias estão destruídas, divórcios numéricos, suicídios como nunca (inclusive de muitos líderes religiosos), filhos sem pais (e quando os possuem são órfãos de pais vivos), e esposas/maridos abandonados (viúvos de cônjuges que moram juntos).

Da mesma forma que Deus respondeu ao questionamento de Israel, Ele nos responde hoje também. O Senhor nos diz que apesar de nossa grande devoção, somos uma geração que só faz o que quer! 

“‘Por que jejuamos’, dizem, ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste?’ Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês (…) Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto.” (Isaías 58:3-4)

O “Eu quero” é o que nos guia! Somos uma geração guiada pelo nosso ventre, e pelo senso de direito. Um povo que vive em função do gozo a qualquer custo! Achamos que temos o direito de viver como queremos, e que não haverão consequências. Temos todos os argumentos possíveis: “Trabalho muito, e trabalho é para isso mesmo.”, “A vida é muito curta, tenho que aproveitá-la ao máximo possível do meu jeito.”, “Se eu não pensar em mim, quem vai pensar?!”, “Posso viver do jeito que eu quiser, posso gostar disso ou daquilo, pois é lícito, eu tenho DIREITO!”. 

É justamente aí que surge a injustiça que Deus traz a luz em Isaías 58. O Senhor explica que apesar de toda a devoção em jejuns e orações, o que Ele considera como verdadeira devoção, verdadeiro jejum, não é simplesmente a liturgia; o jejum que Ele quer é prático, é no dia a dia: é “soltar as correntes da injustiça.”

"O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?” (Isaías 58:6)

E o que é soltar as correntes de injustiça? Em Isaías, Deus diz que soltar as correntes da injustiça é “compartilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou e não recusar ajuda ao próximo” (Isaías 58:7).

Trazendo para a prática de nossa vida, a injustiça é nos retermos das pessoas, principalmente os da nossa casa (“Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” 1 Timóteo 5:8). O quebrar as correntes da injustiça é remover a injustiça em relação a um filho que busca se “alimentar” de seus pais em afeto, tempo, compromisso, direção, correção, e que nada encontra de suprimento, pois seus pais já se doaram em tudo para o trabalho, amigos, igreja, lazer, e o que sobrou desses pais é guardado para si mesmo: seu descanso, conforto e direitos. Filhos famintos que só encontram migalhas dos pais, isso quando encontram algo. Há também as esposas que estão morrendo de fome, porque a única coisa que conseguem do marido é dinheiro, e não atenção, carinho, conversa, ajuda em suas dificuldades emocionais, ajuda na criação dos filhos. Marido faminto por esposa com quem possam compartilhar suas angústias e dificuldades, e encontram apenas sugadoras cheias de si mesmas, que enxergam apenas o seu lado no casamento, não sendo auxiliadoras.

Quebrar a corrente da injustiça nos fala de filhos e esposas que buscam abrigo e amparo para sua alma, suas emoções, diante de tantas tempestades da vida e só encontram homens arrogantes e autoritários, que vivem como se o mundo girasse em volta deles, e  entendem que sua família está ali para servi-los e não atrapalhar os seus planos. E também maridos que se sentem desamparados, pois nos momentos de crises e dificuldades não encontram compreensão e apoio da esposa, e têm que passar pelas situações sozinhos. Muitas vezes esses pais/cônjuges são a própria causa das tempestades que vêm sobre a família, pois são mimados e egoístas, determinando que tudo o que vivem e têm é para fazê-los felizes, e nisso estão dispostos a sacrificar o próprio lar, tornando-o um inferno para todos.

Quebrar as correntes da injustiça da nudez, aponta para a família que está com suas vergonhas expostas diante de todos, como por exemplo a vergonha de uma esposa que tem marido, mas vive como viúva. A vergonha de ver os pais/cônjuge que são um sucesso no trabalho, empresa, igreja, estudos e etc, mas em casa, deixam a família desabrigada, desamparada, faminta e nua diante de todos. A vergonha de uma esposa que não tem o marido para compartilhar seu dia a dia, suas crises, suas alegrias, porque este cônjuge chega em casa e a única coisa que quer é ter todos os problemas resolvidos para ter paz e sossego, afinal, trabalhou para colocar comida na mesa e pagar as contas. Maridos que demonstram amor apenas fora de casa, mas em casa só entregam indiferença, pois têm direito ao “descanso merecido”. A vergonha de um marido que tem uma esposa controladora e manipuladora, querendo tudo apenas do seu jeito, e só vivendo para satisfazer suas futilidades; e diante das crises e frustrações desonra e difama seu marido. Vergonha de filhos que embora tendo pais vivos, vivem como órfãos, abandonados, sem direção, criados por outra pessoa da família, porque seus pais estavam ocupados demais para assumir a responsabilidade sobre eles, ou priorizaram seu lazer e conforto, não aceitando as mudanças que um filho acarreta na vida de qualquer pai ou mãe. A vergonha das feridas expostas através de todo tipo de enfermidade emocional e psicológica que existe hoje. 

Quebrar as correntes da injustiça na família nos fala também sobre ser para ela ajuda e suporte em suas dores, dificuldades, crises e necessidades. Isso só ocorre quando é quebrada a injustiça de pais/cônjuge que de tão cheios de si mesmos, nunca estão disponíveis para serem o suporte e a ajuda que a família necessita. Pais que querem ser eternos adolescentes com direitos a baladas, bares, cinemas, tv, tempo as sós; mas não querem a responsabilidade, o compromisso com o filho, o estar junto, do tempo de ócio, do tempo de correção, das conversas à toa que os fazem se sentir preciosos e gera a certeza de poder contar com seus pais em tudo, até mesmo nos assuntos importantes. Filhos que não têm pais participativos e presentes para contar histórias e expor assuntos sobre a vida, gerando identidade, responsabilidade e compromisso. Se um filho não consegue ter pais presentes no momento comum, não confiarão nesses pais para contar algo relevante, porque já entenderam que sua vida não é importante dentro de casa e que não podem contar com eles.

Deus ama seu povo e tem compromisso com ele, por isso não os desamparou: “Mas o povo que vivia nas trevas viu grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz!” (Mateus 4:16). O Pai nos enviou a Justiça d’Ele: O Sol da Justiça, a Estrela da Manhã, Seu filho amado Jesus Cristo. Ele veio para que sejamos livres de todas correntes da injustiça, e consequentemente nossa casa também. Essa é a Justiça de Deus: “ ...que Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós…” (Efésios 5.2) “Que Jesus veio não para fazer sua própria vontade, mas para fazer a vontade do Pai.” (João 6:38); que Ele nos deu a Si mesmo, por completo, para que por Ele não tenhamos mais fome, nem sede, nem nudez, nem desamparo, nem falta de abrigo. “Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: "Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.” (Lucas 22:19,20)

Ele foi o primeiro, para que possamos também ser filhos de Deus, irmãos de Cristo e sermos como Ele. “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” (João 14:12). Jesus foi o primeiro a partilhar a si mesmo, sua própria carne e sangue para que possamos comer e beber d'Ele. Jesus foi o primeiro para deixar o testemunho e nos capacitar a exercermos justiça para com relação ao nosso próximo, principalmente os da nossa casa. Ele nos capacita a dar-nos a nós mesmos, compartilhar de nós mesmos uns com os outros, não simplesmente o que temos, mas o que somos, sem reserva, assim como Cristo compartilhou d’Ele mesmo conosco. 

“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:35-40)

O sentido da vida não está nas coisas, e nem em nós mesmo, mas sim no outro! Em Jesus, temos tudo o que precisamos para sermos livres de toda injustiça que nos prende, para que Nele, possamos remover a injustiça sobre aqueles que amamos.

Fazendo Justiça, como Cristo fez Justiça, seremos vistos, ouvidos, socorridos para que mais e mais Justiça seja feita enquanto vivermos. “Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou.” (Isaías 58:8,9)

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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