diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: dezembro 2020

sábado, 12 de dezembro de 2020

A síndrome do papai Noel

Chegamos ao fim do ano, e consequentemente à data do natal. Com isso, é impossível não nos depararmos com a figura do papai Noel, e sabendo de sua origem pagã, muito se questiona se é certo ou não o cristão se envolver com essa mistura. Contudo, apesar de usar o papai Noel como tema dessa postagem, não é esse aspecto que queremos enfatizar, e sim o princípio relacional que ele transmite, que é fruto de uma cultura de orfandade e egoísmo que existe há muito mais tempo que ele.

Ao analisarmos os traços comportamentais da figura do papai Noel podemos observar o que ele transmite como princípios de vida e de relacionamentos: 


  • Em primeiro lugar ele está na posição de pai, e portanto deveria ser uma expressão de autoridade, compromisso, presença, ser referência e testemunho. Mas apesar de seu título, o que enxergamos é um pai ausente, que passa o ano todo fora, ou seja, não foi presente, não teve compromisso, não foi referência de nada, não foi testemunho de nada, não ensinou nada, não disciplinou, não se envolveu e não participou de nada;


  • Ele se sente no direito de cobrar que “seus filhos” se comportem bem e sejam bons filhos o ano todo, apenas por ter título de “pai”. Mas ele mesmo não deixou testemunho ou referencial nenhum do que é se comportar bem e ser um bom filho. 


  • Então, no fim do ano, ele aparece, para presentear somente aqueles que se comportaram bem. Ou seja, a sua pseudo bondade é segundo o que a criança merece, e não segundo o seu compromisso de amor; ele trata bem os que se comportam bem, e trata mal os que se comportam mal. Como filhos gostam de presentes, ele usa esses presentes para que eles nunca enxerguem o pai ausente, egoísta e sem compromisso que é. Assim consegue, mesmo sendo um péssimo referencial de pai, passar a imagem de bom pai, o bom velhinho. 


E qual é o grande problema nisso tudo? O problema é que essa cultura já foi assimilada, não simplesmente pelas crianças, mas principalmente pelos pais! 


Hoje, a cultura do papai Noel está entranhada nas famílias, como um reforço da cultura da orfandade. Os pais acreditam que a plenitude da paternidade/maternidade se traduz em todos os recursos e bens materiais que podem oferecer aos seus filhos. E os pais que conseguem entender que isso não é a plenitude da paternidade/maternidade tentam compensar seu egoísmo, ausência e falta de compromisso com toda sorte de presentes.



Assim como o papai Noel, são pais que exigem notas boas dos filhos, mas não participam de sua vida escolar. Exigem obediência, mas nem conseguem dizer não aos filhos e ficar firmes nesse não. Querem que sejam obedientes, mas não querem passar pelo processo árduo de ensiná-los a serem obedientes. Exigem certos comportamentos, mas não aceitam mudar a si mesmos para serem referência e testemunho. 

As consequências dos pais serem assim são terríveis para os filhos. Além de assimilar a orfandade (falta de compromisso), esses filhos vão entender que paternidade tem haver com aquilo que se ganha dos pais e não que paternidade é compromisso. Vão entender que só precisam se comportar bem e obedecer para ganhar as coisas, e não que precisam ter princípios de vida. Além da orfandade, esses filhos vão cair no princípio da prostituição, ou seja, tudo que eles fizerem será somente pela motivação de receber algo em troca. E se não houver benefícios, significa que podem viver do jeito que quiserem.


Essa é a síndrome do papai Noel, que tem reforçado uma cultura milenar de orfandade, assolando famílias e a sociedade, contaminado o coração dos pais, pervertendo as relações familiares e destruindo o caráter e princípios da próxima geração (filhos). E vai continuar destruindo famílias até que seja resgatada a verdadeira natureza da paternidade. 


Essa natureza só pode ser resgatada em Cristo, pois Ele é a expressão exata do Pai. “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser...” (Hebreus 1:3). A natureza de Cristo (consequentemente do Pai) é daquele que se doou, se ofertou, se entregou, não fez nada por interesse próprio; é daquele que não viveu para si mesmo, e sim para o outro, assumindo responsabilidades, e até sofrendo o dano, para que as relações fossem curadas e salvas. Se Cristo é assim, o Pai também é. 


Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? (João 14:8-9)


Dentro dessa natureza, Cristo refuta toda essa cultura da orfandade travestida nos dias atuais na figura do papai Noel:


  • Primeiro porque Ele é um Pai presente, que nos prometeu não nos deixar órfãos e nos enviou o Seu Espírito para nos ensinar todas as coisas e testificar que somos filhos de Deus. 

    • “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.” (João 14:15-18); 

    • “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Romanos 8:16);

    • “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu disse.” (João 14:26);


  • Além de ser um Pai presente, Ele venceu o mundo, passou por todas as circunstâncias, e não há nada que venha nos pedir que Ele mesmo não tenha passado, sendo assim, Ele nos oferece todo referencial e testemunho de que precisamos;

    • “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo , tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:5-8)

    • “Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”. (João 16:33);


  • E por último, Ele não é um Pai que nos trata segundo as nossas competências, erros e acertos. Ele é um Pai de compromisso, de palavra assumida, e vai nos tratar segundo o Seu Amor e propósito para conosco, e não há nada que podemos fazer de bom para que Ele nos trate melhor e não há nada que podemos fazer de ruim para que Ele nos trate pior. Se assim o fosse, Deus seria corruptível, e aí sim estaríamos perdidos.

    • “… não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades.” (Salmos 103:10)


É essa natureza de Cristo/Pai que nos cura como pais dessa cultura de egoísmo (síndrome do papai Noel), de uma vida fundamentada em nossas vontades e carências. Como pais curados, podemos resgatar nossos filhos da perdição, abandono e solidão, ou seja, da orfandade. “Ele converterá o coração dos pais aos seus filhos e o coração dos filhos aos seus pais, para que eu não venha e castigue a terra com maldição.” (Malaquias 4:6)


Por mais que os recursos sejam muito importantes, e os presentes e mimos sejam muito agradáveis, não é por isso que clama o coração dos nossos filhos. Eles clamam por nós, por terem pais de verdade, por compromisso, direção, limites, disciplina, afeto e segurança. Eles não querem papais noéis, eles clamam por papais como Cristo. “A ardente expectativa da criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus.” (Romanos 8:19)

Geraldo Júnior e Valéria Morais

Transformados pela Renovação do Pensamento

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