diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: abril 2020

domingo, 19 de abril de 2020

Escondendo em Cavernas (Justiça Própria III)

Na terceira e última parte desta série, temos a justiça própria do isolamento. Esta é uma estrutura de pensamento que nos leva a crer, que diante de tantas situações difíceis da vida, o isolamento é uma boa e aceitável forma de se defender. Talvez até a única saída que se consegue enxergar. 

Este pensamento vai se formando e consolidando em nossa mente no decorrer de situações que nos intimidam e nos perseguem, de forma que não conseguimos encontrar outra saída, a não ser se isolar de todas as pessoas que representam aquela ameaça. Por exemplo, quando temos uma dificuldade emocional que não conseguimos superar e tentamos esconder, mas quando alguma situação vem para confrontá-la, fugimos daquela circunstância nos isolando. Algumas vezes, a agressividade é uma estratégia de isolamento, no sentido de afastar as pessoas ao nosso redor. 

Outro processo que gera e fortalece essa cultura em nós, é quando não conseguimos mais manter ou defender nossa reputação diante de situações que nos expõem. Isso acontece quando queremos ser vistos segundo uma reputação “x”, mas não conseguimos transmitir aquela imagem. Parece melhor se esconder, do que admitir que não somos ainda aquilo que queríamos ser.

Como a maioria das vezes é impossível explicar o inexplicável, somos levados ao isolamento para evitar os confrontos e questionamentos, que colocam em xeque nossa reputação. 

Contudo, esse comportamento que pode até parecer legítimo e inofensivo, produz terríveis  consequências. A principal consequência é que a pessoa que escolhe esse caminho de isolamento, começa a se convencer de que é possível viver sozinho. Quanto mais se caminha crendo que é possível viver sozinho, mais se afunda no egoísmo. “Quem se isola busca interesses egoístas e se rebela contra a sensatez.” (Pv 18:1)

O isolamento pode até nos proteger de certa forma de perseguições, e nos livrar de constrangimentos que comprometem nossa reputação. Pode-se até argumentar: “Não preciso de ninguém, consigo me virar sozinho!”. Mas não é essa a questão. A questão é que Deus nos deu dons, talentos e virtudes para que sejam compartilhados, e nisso encontramos o propósito da nossa existência. Como já dito neste blog, o sentido da vida nunca está em nós mesmos, mas no próximo, na relação, no compromisso. É por isso que aquele que busca o isolamento, não decidiu simplesmente viver independente, decidiu não amar, não ter compromisso, não compartilhar de si mesmo, não ter propósito de vida. 

Esse isolamento não se trata apenas de se esconder dos de fora e da sociedade, mas principalmente do isolamento dentro da própria casa. É muito comum lares que aparentam ser uma família, mas na realidade, só moram juntos, e cada um vive o seu isolamento dentro da mesma casa. 

Quem se isola, retém um pai ou mãe de seus filhos, retém um marido ou esposa de seu cônjuge, retém um amigo, retém seus dons e virtudes de tantos que têm fome e sede. Quem se isola retém o fluxo da vida.

Veja só o exemplo na história de Elias. Diante da frustração de não conseguir alcançar seu principal objetivo, e da perseguição de Jezabel, acabou isolado e deprimido numa caverna. Então, Deus veio a Elias, e o libertou dessa condição de isolamento, dando-lhe um filho por adoção (compromisso): Eliseu. A Eliseu coube ungir àquele (Jeú) que enfim conseguiria terminar o propósito de Elias: matar Jezabel e libertar o povo. Isso nos mostra que não foi a capacidade individual de Elias, como profeta, que melhor traduziu a natureza e glória de Deus, ainda que ele tenha demonstrado seu poder. Elias somente revelou quem Deus é numa relação de compromisso - uma adoção. Ou seja, não é individualmente que nosso propósito se cumpre, e sim num relacionamento de compromisso. Essa é a natureza de Cristo, aquele que deu a si mesmo por nós, nos adotou, compartilhou de sua vida, suas virtudes para que pudéssemos ter da sua própria vida, e fizéssemos o mesmo por nossos irmãos.

Quem se isola rejeita a natureza de Cristo, e obviamente o próprio Cristo. 


Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
https://renovacaodopensamento.blogspot.com.br/