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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Nosso valor: Competência ou Caráter?

Desde crianças somos condicionados a crer que nosso valor está em nossos dons e habilidades, no que fazemos e produzimos, no que ganhamos e conquistamos. Essa é a cultura da competência, onde o que tem valor em relação a nós mesmos e aos outros é o desempenho, resultado, dons e o custo-benefício do que se pode entregar. Esse pensamento/cultura entorpeceu a mente das pessoas e tem consequências terríveis para nós mesmos, para as relações e principalmente para nossa família.

Essa cultura surgiu no coração de Lúcifer. Como ele era muito competente em tudo o que fazia, entendeu que seu valor estava nisso, e em sua justiça própria achou que deveria ser tratado e reconhecido segundo sua competência (a ponto de se julgar merecedor de usurpar o lugar de Deus. Ezequiel 28:11-19, Isaías 14:12-14). A partir desse momento, Lúcifer perdeu sua identidade e propósito para sempre. Assim também acontece conosco quando assimilamos essa cultura da competência. Por acreditarmos que nosso valor está no que fazemos e no nosso desempenho, primeiramente perdemos nossa identidade, e consequentemente nosso propósito. 

Essa cultura da competência que começou no coração de Lúcifer, entrou na humanidade desde o Éden. Foi a serpente quem colocou no coração do homem que o dia que eles fizessem algo, eles seriam alguém. “Disse a serpente à mulher: ‘Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal.’” (Gênesis 3:4). Assim foi gerado o sofisma, pois eles já eram a imagem e semelhança de Deus, e essa era sua identidade e valor. “Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” (Gênesis 1:26). 


Somos doutrinados, por todos os lados, a crer que só vamos ter valor, ser honrados, dignos e aceitos diante das pessoas se formos muito bons em algo que fazemos. Nessa cultura das competências o valor do caráter de filho de Deus foi trocado pelos dons, habilidades, desempenho e profissão. Aliás, não é coincidência que profissão se misturou com identidade. Nossa identidade deixou de ser o que somos (natureza, caráter, virtudes), e passou a ser o que fazemos. Tire a profissão de uma pessoa, e a maioria não sabe mais falar quem é. 


Exemplo social disso é que muitos pais concentram todo seu esforço para assegurar que seus filhos se tornem excelentes profissionais de “sucesso” quando adultos, mas se eximem do verdadeiro compromisso de transmitir testemunho, caráter, afeto, direção, disciplina e identidade. 


Desde crianças somos ensinados a admirar as pessoas pelas competências e não pelo caráter. Artistas, esportistas e grandes empresários (ex.: Pelé, Ayrton Senna, Michael Jackson, Tom Cruise, Bill Gates) são exaltados por suas habilidades e não por seu caráter. Essa fantasia de “pessoa de sucesso” traz muita frustração e sentimento de fracasso para quem não alcança o reconhecimento de suas competências da forma idealizada.



Há também aqueles que até alcançam o nível de competência ufanado socialmente ou estipulado por si mesmo. Ainda assim, muitos desses continuam se sentindo vazios e sem propósito, apesar da reputação alcançada. É a frustração de ter chegado onde queria, mas estar longe do propósito, longe da sua verdadeira identidade.


O sofisma das competências nos coloca cada vez mais distantes da nossa verdadeira identidade, do que realmente tem valor, pois nessa cultura não importa mais quem somos, mas sim o que fazemos e se fazemos bem. Não importa mais manifestar a natureza de filho de Deus. Não importa mais ser um pai/mãe que são exemplos para os filhos em compromisso, honra, caráter, humildade, integridade e temor de Deus. Não importa mais ser um marido que mata a cada dia seu egoísmo, luxúria, orgulho, machismo, e busca em seu compromisso de amor, ser um lugar seguro para a sua esposa. Não importa mais ser uma esposa que faz da casa o lar para sua família, que é refúgio e transmite princípios para seus filhos. 


Primeiramente precisamos entender que o Senhor não se relaciona conosco na perspectiva das competências. Isaías 58 nos conta de um povo muito competente em seus jejuns. Deus fala que eles eram tão bons nisso que até pareciam estar realmente buscando a Ele. Mas o Senhor nunca aceitou aquele jejum, porque apesar de serem bem competentes nisso, estavam cheios de justiça própria e de injustiça para com o próximo, seu caráter e coração estavam corrompidos. Por isso para o Senhor, apesar de serem tão competentes no que faziam, aquilo não tinha valor algum.


Amós 5 nos fala de um povo que era muito competente em suas liturgias religiosas, suas festas solenes e suas ofertas ao Senhor. Mas Deus diz que desprezava e odiava tudo aquilo, pois todo aquele esforço não passava de justiça própria, nada valia sem ter um coração reto e justo.


Quando Deus se manifesta no batismo de Jesus, Ele não descreve o currículo de Cristo, todo seu poder, sua posição de também ser Deus e suas competências. Mas Ele diz: “Este é o meu Filho amado, de quem me agrado” ( Mateus 3:17). Deus vem falar de sua origem, sua natureza (caráter) e propósito, ou seja, sua identidade. Quando Deus diz que Jesus é o seu Filho, não está simplesmente falando de uma posição. Filho fala de uma natureza, cultura, ou seja, Jesus Cristo, Filho de Deus, fala daquele que expressa plenamente a natureza e o caráter do Pai. Tanto é que posteriormente Jesus diz que quem O vê, também vê o Pai. “Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” (João 14:9).


Os judeus criam que o Messias (Jesus) viria com todos os seus dons, força e poder (competências) para levantar e treinar um exército que os libertaria das mãos dos seus opressores. Contudo, a salvação do Messias não foi para transformá-los em fortes, valentes e motivados guerreiros e nem faze-los livres das escravidão romana. A salvação de Jesus não veio atribuir competências, mas veio nos dar uma identidade de filhos de Deus, ou seja, convicção de origem (viemos do Pai), natureza (caráter de Cristo) e propósito (Manifestar Cristo, independente das competências). A salvação de Cristo Jesus veio nos fazer filhos de Deus! 


“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus.” (João 1:12)


“ Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”. (Romanos 8:29)


Hoje em dia dedicamos praticamente toda nossa vida para desenvolver nossos dons, habilidades e competências, seja em busca de sentir-se valorizado diante das pessoas e/ou até para si mesmo. Contudo o nosso valor não está nas nossas competências. O nosso valor está na nossa identidade e caráter, em quem somos. É isso que gera honra. 


Os nossos dons, habilidades e competências nunca serão nossa identidade, mas apenas meios que revelam quem realmente somos. Vejamos o exemplo de um policial, que é um trabalho nobre e muito digno. Ele é excelente no que faz, dedicado, talentoso e etc, e ainda leva sustento e coloca comida na mesa de sua família. No entanto… sendo ele corrupto (mesmo que ninguém saiba), seria esse policial um homem digno e de honra? Jamais! Como ninguém sabe, ele até teria reputação de homem honrado, mas nunca o seria de verdade. O que ele leva para a casa não é sustento e alimento, mas sim desonra e maldição. Espiritualmente aquela comida é veneno para sua família, e não vida. Pois só podemos oferecer de verdade aquilo que somos. “Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons.” (Mateus 7:17:18). Não é nossa competência que diz quem somos, mas sim nossa identidade e caráter, e é nisso que está nosso verdadeiro valor.


Desempenhar bem nossas atividades e dons não somente é lícito, como devemos sim fazê-lo. O problema é que isso se misturou com nossa identidade, e roubou nosso verdadeiro propósito. O homem mais talentoso e competente do mundo em sua área não conseguirá gerar segurança no coração de sua esposa com seus dons. Nem a mulher fará um homem se sentir amado, honrado e respeitado pela sua competência. Muito menos os pais conseguirão ser direção, testemunho, exemplo de vida e princípios para os seus filhos simplesmente com seus dons, habilidades e competências.


Nosso valor não está em nossas competências. Nosso valor está em nossa identidade, caráter e propósito. A vida está em entendermos que primeiramente somos filhos de Deus. Filhos que num processo de amadurecimento se tornarão maridos, esposas e pais. Filhos que entendem que suas competências e afazeres são apenas ferramentas de provisão financeira, servir as pessoas e meios de manifestar a sua natureza de filho de Deus. É isso que nos salvará de uma vida sem sentido. É isso que salvará nossa família do abandono, solidão, perdição e orfandade.


Jesus morreu na cruz para que entendêssemos que o nosso valor está em nossa identidade, caráter e propósito, ou seja, em sermos filhos de Deus. 


Geraldo Júnior e Valéria Morais

Transformados pela Renovação do Pensamento

https://renovacaodopensamento.blogspot.com.br/




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