diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: outubro 2019

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Eu sei... (Justiça Própria II)

Nesta segunda parte, temos a justiça própria em seu modo mais clássico, mais grosseiro. É a justiça própria na perspectiva do “eu sei”. Nesta forma de pensar, a pessoa tem um conceito exaltado, elevado, arrogante e orgulhoso sobre si mesmo e sobre a vida de modo geral. Crê que sabe viver, sabe dirigir sua vida, sabe o que é melhor para ela e para as pessoas; e muitas vezes crê até que sabe o que Deus deveria ou não fazer. Acredita que possui toda a habilidade, sabedoria e entendimento (inteligência, idéias, etc) para viver por si mesmo, e que suas limitações são apenas de recursos e poder. 

Geralmente a pessoa que vive nesse pensamento de justiça própria do “eu sei”, é extremamente rígida, inflexível; pois, afinal ela “já sabe”. Então tudo tem que ser do seu jeito, e muitas vezes nem se submete aos processos, porque do "seu jeito" é melhor. Esse é o tipo de pessoa que faz todo o planejamento da sua vida, decide como tudo deve ser, o caminho a ser trilhado, e depois apenas apresenta para Deus abençoar. Isso porque ela não precisa de Deus para guiá-la, só precisa de Deus para abençoá-la, pois já sabe como a sua vida deve ser dirigida e onde deve chegar.

O problema dessa cultura  é que primeiramente a pessoa sofrerá muitas frustrações como consequências de suas decisões arrogantes, pois obviamente Deus não se submeterá ao que ela acha que sabe. O Senhor, por causa de seu compromisso com o propósito individual que tem com cada um de seus filhos, cumprirá tudo o que  precisa fazer na vida deste e em sua volta, e muito provavelmente não é nada daquilo que a pessoa pensa. Como consequência a pessoa vai se tornando extremamente amargurada e irada, porque Deus não tem compromisso com a justiça própria de ninguém.  Esse é um dos principais motivos que leva alguém a abandonar a Deus e a Igreja. 

Por causa da frustração, raiva e amargura por Deus não se submeter às suas vontades, caprichos e justiça própria, o emocional deste indivíduo é comparado a estar em um eterno furacão. A aflição, angústia e dor constantes de quase nunca conseguir que as coisas sejam segundo o seu “eu sei”. A pessoa pensa que Deus é injusto, e não entende porque Ele não faz tudo na sua vida segundo sua justiça própria (eu sei), e na verdade ela pensa que seria um deus melhor do que Deus. 

Em segundo lugar a justiça própria torna o indivíduo muito inflexível, rígido, e por isso ele fere muito os relacionamentos, a ponto de destruí-los, inclusive a própria família; pois como está preso no “eu sei” (justiça própria), não vai conseguir sair de si mesmo, sair da sua “razão”, sofrer o dano, ser oferta às pessoas e realmente manifestar o amor. Ele não consegue mais enxergar aos outros, nem se colocar no lugar deles; crê que sua forma de pensar é a melhor e é a lógica a ser seguida. Como se tornou inflexível, (pois acha que sabe como viver, o que é bom para ele e para os outros) vai determinar que todos a sua volta aceitem o seu caminho e andem segundo a sua vontade. Não aceita ouvir ninguém, sendo que aqueles que não aceitarem isso, irão sofrer diversos tipo de consequências: preconceitos, indiferença, rejeição e punições até mais violentas. 

Dentro da justiça própria, o que importa é ter tudo segundo a sua forma de pensar; e nisso, os outros e os relacionamentos não  têm mais importância. Assim a pessoa dentro de sua justiça lutará com todas as forças para que tudo seja conforme acredita, sem levar ninguém em consideração; e consequentemente, destruirá de dentro para fora sua família e os relacionamentos.

Na verdade, destruição é algo que acompanha a vida de quem escolhe viver essa justiça própria. É destruição nas emoções, nos relacionamentos, no caráter, na personalidade, no propósito; e pode até se materializar em destruição nas finanças, na saúde e na família. “O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça”. (Provérbios 16:18)

Jó foi assim, alguém guiado por si mesmo, pela sua justiça própria, pelo seu próprio entendimento, pela sua arrogância de crer que tinha nele mesmo tudo que precisava para viver. "Fico firme e não desisto de dizer que estou certo, pois a minha consciência nunca me acusou." (Jó 27:6) Jó acreditava tanto que seu pensamento (justiça própria) era mais do que suficiente para viver bem, que considerou seus pensamentos acima dos pensamentos de Deus. “Então, do meio da tempestade, Deus respondeu a Jó assim: ‘Será que você está querendo provar que sou injusto, que eu sou culpado, e você é inocente?’” (Jó 40:6 e 8) Jó cria que não precisava de Deus, só precisava do seu poder para abençoar os seus caminhos “perfeitos”. E nisso, ele se afundava cada vez mais em si mesmo, na sua própria arrogância, colhendo para si e para os seus morte e destruição. "Aquilo que eu temia foi o que aconteceu, e o que mais me dava medo me atingiu. Não tenho paz, nem descanso, nem sossego; só tenho agitação.” (Jó 3:25-26).

Mas Deus tem um plano para tirar seus filhos deste caminho de destruição. “Por isso diz a Escritura: ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes.’” (Tiago 4:6). Ele mesmo resiste ao nosso “eu sei como viver e pensar”, e muitas vezes nos permite também sofrermos as consequências de viver assim (“O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça”. Provérbios 16:18), para que vejamos  os frutos de morte desse caminho, e possamos ter esperança para entender o quão terrível é andar assim, e talvez desejar sair desse percurso. 

Aos que entenderem e aceitarem abrir mão dessa justiça própria do “eu sei”, para aqueles que estão cansados de tanta dor, frustração, amargura, raiva e destruição e aceitarem não ser mais deuses sobre a própria vida e se transformarem em filhos de Deus, o Senhor mesmo já os enviou socorro: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês.”  (Mateus 11:28)

Quando Jesus veio, Ele nos mostrou como é a natureza de um Filho de Deus. Um Filho que se submete ao Pai, e entende que todo seu propósito e direção de vida é revelada por Deus, para manifestar a natureza e vontade do Pai, e não a sua própria. “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!”  (Filipenses 2:5-8). 

Como filhos de Deus, devemos discernir que o propósito de nossa vida não está em nós mesmos, sendo deus de si próprio; precisamos aprender na medida em que conhecemos ao Pai, que n’Ele teremos toda a direção, sabedoria e recursos para entender e viver o propósito de Deus para nossas vidas. “Jesus lhes deu esta resposta: ‘Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz’.” (João 5:19) “Pois não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e o que falar.” (João 12:49)

Jesus mesmo é o Caminho, a referência que nos tira desse  percurso de morte e destruição da justiça própria do “eu sei”,  trajeto de aflição, angústia e sofrimento para si mesmo e todos aqueles que se ama. “Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.” (Mateus 11:29)

Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
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