Muitos conceitos importantes para um desenvolvimento saudável da nossa fé têm sido deturpados pela cultura desse mundo. Por isso a bíblia diz para não nos conformarmos com esse mundo (cultura), mas que sejamos transformados pela renovação da mente.
O conceito bíblico de ser mais que vencedor tem se misturado com o que o mundo entende ser mais que vencedor. A cultura do mundo nos diz que ser mais que vencedor tem haver com aquele que vence sobre os outros, vence circunstâncias e situações. É a pessoa que adquire um bom status profissional e financeiro; uma posição de destaque na igreja; alguém que quanto mais livrado, poupado e protegido, mais se sente e testemunha o quanto é “mais que vencedor”. Segundo o mundo, ser vencedor é aquele que conquista os seus sonhos e planos, e que apesar das dificuldades da vida, nada o detém em suas conquistas e vitórias.
Essa cultura de mundo, ainda dá o caminho para se chegar a essa vida de “mais que vencedor”, dizendo que é só usar os melhores métodos, ler os livros certos, usar as palavras corretas em sua oração, seguir os passos do sucesso e da vitória, usar as chaves espirituais corretas e pronto, aí você estará acima dos vencedores, ou seja, "mais que vencedor". E se por acaso você não conseguir ou não vencer naquilo que tanto queria, foi culpa sua, pois não creu o suficiente, não orou o suficiente e não seguiu os métodos corretamente.
É incrível como esse pensamento cheio de fardos e misticismo se misturou ao verdadeiro Evangelho. Não que esteja errado a busca por sucesso e conquistas pessoais, mas isso não se encaixa no princípio bíblico de ser mais que vencedor, não foi isso que Paulo quis dizer (Romanos 8:28-39). O que ele disse é que Deus nos predestinou a sermos a imagem de Seu Filho, e assim como Cristo, que não foi poupado, sofrendo o dano por amor a nós, e foi sustentado pelo Pai até o fim, nós também passaríamos por tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada, e seriamos sustentados por Ele para continuar sendo como Cristo na vida dos irmãos; e que nada poderia nos separar desse Amor, desse propósito, de repartir a nós mesmos, nossa própria vida por eles, e as consequências disso resultaria em sermos mais que vencedores.
A vida de Cristo refuta toda essa falsa teologia de “mais que vencedores” baseado nas competências, conquistas e desempenho. Até porque segundo esse pensamento, a vida de Jesus seria um fracasso nos dias de hoje. Vejamos:
Jesus não tinha bens materiais para ostentar;
Só teve 12 discípulos próximos, sendo que, um o traiu, outro o negou e os outros o abandonaram no momento de sua crucificação;
Jesus não era tão bom palestrante motivacional, pois no decorrer do seu ministério, quanto mais Ele falava, mais pessoas deixavam de segui-Lo e menos os discípulos concordavam com ele;
Os jejuns e orações de Jesus não o livraram de todo o sofrimento que viria o afligir (segundo a falsa teologia de hoje, Ele seria rotulado como alguém que não teve fé o suficiente);
Foi julgado, condenado e morto como um ladrão, e Ele mesmo foi um péssimo advogado de defesa de si mesmo.
A Bíblia deixa claro que Jesus é mais que vencedor, e Ele o é porque abriu mão do direito de ser igual a Deus, o direito de se impor como Deus através de seu poder (Filipenses 2:6-8), a fim de poder compartilhar conosco seus dons, virtudes, sua carne, seu sangue e sua vida para que pudéssemos conhecer ao Pai, Sua própria natureza e cultura. Literalmente Ele perdeu para que ganhássemos.
Ao sermos a imagem de Cristo, segundo sua natureza, podemos também abdicar dos direitos e sofrer o dano para que outros testemunhem do verdadeiro Amor; podemos não escolher por nós mesmos em favor dos que amamos, e assumir o compromisso de ser testemunho, de compartilhar nossa vida, tempo, dons, virtudes, recursos e até mesmo perder para que eles também conheçam esse grande Amor que nos salva. Ao manifestarmos essa natureza de Cristo seremos mais que vencedores.
“Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Romanos 8:37).
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