diHITT - Notícias Transformados pela Renovação do Pensamento: A Arrogância de Jonas

sexta-feira, 6 de abril de 2018

A Arrogância de Jonas


Jonas foi um profeta israelita da tribo de Zebulom. Ele era amado por Deus e tinha um conhecimento significativo sobre Deus.

“E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal”. Jonas 4:2

Ainda assim, Jonas tinha o entendimento equivocado sobre a vida, sobre ele mesmo, e sobre o seu propósito, pois não os compreendia segundo o pensamento de Deus. Ele não concordava com o agir de Deus, e isso gerava uma crise interna muito grande nele. Mas porque Jonas pensava assim, a ponto de discordar de Deus? Pois bem, vamos entender neste texto o que Deus expõe sobre o comportamento e pensamento de Jonas, e o que ele cria sobre a vida.

Logo no início do livro de Jonas, o Senhor o envia a Nínive. Deus queria que ele proclamasse ao povo de Nínive que se eles não se arrependessem de sua maldade Ele iria destruí-los.
“A palavra do Senhor veio a Jonas, filho de Amitai com esta ordem: ‘Vá depressa à grande cidade de Nínive e pregue contra ela, porque a sua maldade subiu até a minha presença’". Jonas 1:1,2

Nínive era uma das cidades inimigas de Israel, sendo o povo desta cidade, extremamente violento e cruel, de fama conhecida. Para se ter uma ideia depois de suas vitórias em guerra, estavam acostumados a cortar as mãos e os pés, os narizes e as orelhas, furar os olhos e a fazer pirâmides com as cabeças humanas. Na Bíblia, o profeta Naum testifica sobre isso quando diz: “Ai da cidade sanguinária, repleta de fraudes e cheia de roubos, sempre fazendo as suas vítimas!” Naum 3:1

Óbvio que Jonas sentia medo e raiva daquele povo. Mas o que realmente incomodou e deixou Jonas irritado com Deus, foi a possibilidade daquela cidade ser salva!  Dentro dos conceitos de Jonas e sua justiça própria era inconcebível que Nínive tivesse chance de salvação. Mesmo que essa oportunidade viesse de Deus, Jonas queria vingança, vendo essa cidade totalmente destruída. Como resposta à esse desejo de vingança, Jonas foge da direção de Deus. Essa fuga, além de ser uma fuga de seu propósito e uma desobediência à Deus foi um levante contra o Senhor, sendo uma clara mensagem à Deus: “Não concordo com Sua vontade! O Senhor está sendo injusto e um Deus ruim, e se eu fosse Deus eu faria diferente!”

Nisto Jonas manifestou seu conceito leviano e deturpado de vida, juntamente com toda sua arrogância e orgulho em achar que sabia o que era melhor para si e para as pessoas. Essa arrogância era tão grande que ele aceitou abrir mão de seu propósito para sustentá-la. E ele fugiu para o mar.

“Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor.” Jonas 1:3

Mas Deus amava Jonas e queria salvá-lo de sua perspectiva corrompida e pervertida da vida. Deus queria mostrar que nossa vida só faz sentido e só somos transformados quando seguimos nosso propósito dado por Deus. “Queridos irmãos, vocês sempre seguiram cuidadosamente as minhas instruções quando eu me encontrava no vosso meio. E agora, quando estou ausente, devem ainda com maior cuidado desenvolver nas vossas vidas a salvação de Deus, obedecendo-lhe com profunda reverência e temor.” Filipenses 2:12 

No livro de Jonas, vemos uma pessoa com direção clara de Deus para sua vida, para o cumprimento de seu propósito. Mas Jonas era arrogante tendo os conceitos deste mundo como absolutos, e não a vontade de Deus. 

No livro de Jonas, o mar simboliza o mundo e os conceitos do mundo. O mar são as sugestões e as certezas que o mundo oferece. Jonas engolido pela baleia simboliza ele sucumbido por sua arrogância, sem ter para onde fugir. Como analogia pode-se dizer que quando o orgulho entra nos pensamentos de uma pessoa, é como se uma baleia a engolisse, e em seu estômago, as enzimas vão  “dissolvendo-a” ainda vivas, sem ter para onde fugir.

Quando os conceitos do mundo e a arrogância estão fortes em uma pessoa, esta não entende o propósito de Deus para sua vida. Neste estado, caminha em direção à morte de seu propósito. É como se morresse afogado por seus próprios pensamentos, dentro da sua própria vontade, dentro da própria obstinação. 

“Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo”. Isaías 57:20

Outro exemplo bíblico de pessoa que em sua soberba foi sucumbida pelo mar, foi Faraó no Egito. Quando Deus envia Moisés para falar a Faraó deixar Seu povo ir, Faraó não aceita por causa de sua arrogância, e como consequência, Faraó morreu afogado em sua própria obstinação.

“Porque os cavalos de Faraó, com os seus carros e com os seus cavaleiros, entraram no mar, e o Senhor fez tornar as águas do mar sobre eles; mas os filhos de Israel passaram em seco pelo meio do mar”. Êxodo 15:19

“Mas derrubou a Faraó com o seu exército no Mar Vermelho; porque a sua benignidade dura para sempre”. Salmo 136:15

Algumas tempestade em nossas vidas vistas como juízo de Deus, são na verdade oportunidades de arrependimento, para que tenhamos a chance de entender o quão perigosos são os conceitos deste mundo (o mar). Exemplo disso, é o que aconteceu com Jonas, quando veio a tempestade sobre o barco usado por ele para fugir do propósito de Deus. “O Senhor, porém, fez soprar um forte vento sobre o mar, e caiu uma tempestade tão violenta que o barco ameaçava arrebentar-se.” (Jonas 1:4). 

O mar traz a arrogância com todos os conceitos deste mundo, com todas as suas afirmações, sofismas, sedução, o “eu posso”, “eu faço”, “eu controlo”, “eu tenho poder” sobre mim mesmo, sobre as circunstâncias, sobre o próximo. A tempestade mostra a mentira da arrogância, tirando a calmaria do mar, e mostrando que só há Um que tem o poder sobre todas as coisas: O Senhor Jesus Cristo. Isso acontece porque na calmaria do mar, parece que tudo vai dar certo, mas é em meio à tempestade do mar que entendemos que não temos controle, que nossas verdades são lixo, e só assim, temos a oportunidade de reconhecer os caminhos do Senhor como verdadeiros, nos arrependendo e clamando ao Senhor para levar-nos de volta ao nosso propósito. 

Neste caso, não é o coração que é duro, e sim a dureza da cerviz (pescoço que não se curva), ou seja, a pessoa que não submete seu entendimento ao Senhor. A arrogância (dura cerviz) vê a tempestade, e mesmo assim afirma “ eu estou certo, não tenho outro deus além de mim”. 

“Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. Deuteronômio 10:16

“Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”. Atos 7:51

O arrogante diz “eu sou, eu me fortaleço, eu me desejo, eu me regozijo, eu sou o que sou e eu sou”. Em sua arrogância, ele se coloca como um deus, mas seus pensamentos não passam de areia debaixo dos pés, afundando-o nos conceitos deste mundo. Somente o Senhor é Rocha, e somente n’Ele nossos pés não vacilam.

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”. Mateus 7:24-27

O mar é como uma lembrança da terra (aquilo que poderia ter sido), de um propósito que se afogou (humilhado): as estrelas não estão no céu mas na areia, os cavalos e seus cavaleiros se tornam cavalos marinhos minúsculos e lentos, as árvores são algas molengas. A terra para o mar é uma evidência para aqueles que estão presos em sua arrogância, de que existe terra firme, existe uma Rocha, existe esperança de uma vida que vale a pena. Existe uma promessa de que o Senhor resgata aqueles que estão presos no mais profundo do mar, no mais profundo abismo.

“Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? O que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos?” Isaías 51:10

“Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda” Isaías 43:16

Voltando ao exemplo de Jonas, a baleia pode no fim tê-lo salvo, mas o objetivo era mostrar sua a arrogância e a consequência desta. Jonas dentro da baleia teve a consciência de alguém que não tinha para onde fugir, e que não morreria simplesmente afogado, mas seria corroído (enzimas digestivas da baleia) dentro dos seus próprios desejos e obstinação, dentro da sua própria raiva e amargura, vendo que não conseguia controlar seu próprio destino. Quando Jonas teve consciência de sua loucura em se levantar contra Deus (“fugir”), teve a chance de entender que existe um caminho e um propósito. 

A raiva de Jonas não era porque ele era profeta, mas sim porque ele não tinha misericórdia, era muito egoísta, e era guiado por seus desejos; ele era um deus em si mesmo. Jonas não era almático, nem mimado; ele se sentia dono da verdade, se fazendo como um deus dentro da suas vontades e desejos, alguém movido pela sua própria arrogância e auto satisfação. Jonas era alguém que julgava poder escolher quem deveria morrer ou viver, quem era merecedor de  misericórdia e quem não era. Ele não simplesmente discordava de Deus, ele tinha raiva de Deus, porque não conseguia ser Deus; porque se ele fosse Deus, ele agiria diferente. Jonas era um tolo, seu entendimento era corrompido pelos conceitos deste mundo. Ele não entendia o macro e nem queria entender. Ele não pensava nos outros e nem queria pensar. Ele pensava em si e seu desejo de vingança. Ele não tinha um conceito de família, de sociedade, do outro. Tudo era para si e por si. Ainda assim Deus o amava, e não se esquecia do propósito da vida dele. Deus poderia ter escolhido outro profeta, mas não o fez, para poder ensinar para Jonas a se importar, a entender sua pequenez, aprender a ter compaixão, aprender quem é Cristo e como Cristo é, para que Jonas pudesse ser salvo de sua arrogância e egoísmo, e conhecesse o Pai. 

Se Deus teve misericórdia de Nínive, porque não teria de Jonas. Deus é longânimo, e pergunta para Jonas “Você tem alguma razão para essa fúria?" (Jonas 4:4). Quando a aboboreira criado por Deus para ser sombra para Jonas morreu, Deus pergunta novamente “Você tem alguma razão para estar tão furioso por causa da planta? Respondeu ele: “Sim, tenho! E estou furioso a ponto de querer morrer’.” (Jonas 4:9) Deus mesmo responde o porquê da raiva de Jonas (Jonas 4: 9-11): é porque a vida daquela árvore não estava satisfazendo os desejos dele. A raiva de Jonas não é porque a árvore não cumprui o propósito, a raiva é porque ele queria controlar a árvore, para que a árvore vivesse eternamente em função dele, ele não queria o propósito da árvore, ele queria ser um deus, onde ele comandasse tudo em função dele, onde não existe o pensamento em relação ao próximo. Deus fez crescer aquela árvore ali para mostrar para Jonas o nível de seu orgulho e egoísmo. 

Deus é benigno e longânimo (Jonas 4:2). Jonas sabia disso, ele só não entendia que Deus também estava sendo benigno e longânimo para com ele, quando o enviou para pregar em Nínive. Deus também estava dando a chance de Jonas se arrepender de seu egoísmo e arrogância.

O sol escaldante, a crise da árvore morta em nossas vidas é para nos lembrar que não somos suficientes em nós mesmos, que nós não temos o poder do controle, que existe um propósito maior, que o mundo não é fundado na pequenez dos nossos pensamentos. Muitas situações difíceis vêm para nos acordar, para lembrar que existe um Deus e um propósito, para mostrar conceitos errados sobre a vida, sofismas e trazer esperança de se viver uma vida verdadeira, onde os propósitos se cumprem. 

“Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais”. Jeremias 29:11

Em todo tempo, Deus estava dando uma chance para Jonas de se comportar como filho de Deus. Mas Jonas foge como um servo, vendo o propósito como um serviço. Entretanto, Deus estava  mostrando para Jonas que ele era tratado como filho, e como o coração de um filho deve ser para se cumprir seu propósito.


Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
https://renovacaodopensamento.blogspot.com.br/

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