"E, chegada a tarde, foi com os doze.
E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.
Mas ele, respondendo, disse-lhes: É um dos doze,
que põe comigo a mão no prato.
Na verdade o Filho do homem vai, como dele está
escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria
para o tal homem não haver nascido.
E, comendo eles, tomou Jesus pão e,
abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e
todos beberam dele.
E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do
novo testamento, que por muitos é derramado." (Marcos 14:17-24)
Vejo esse texto e fico impressionado com a liberdade que Jesus Amava as pessoas. Ele pessoalmente escolheu cada um dos doze discípulos, e sendo Ele Deus, sabemos que Ele conhecia cada um deles, personalidade, caráter, motivações. Sabia que um deles o trairia, um deles o negaria, e os outros o abandonariam, mesmo depois de andarem tanto tempo juntos. Mesmo assim, os escolheu, os acolheu, entrou na vida deles, e deixou que entrassem na sua, os protegeu, ensinou, os amou, sentou na mesa com eles, repartiu o pão com eles, comeu com eles e morreu por eles. Aliás, o que o trairia, sentava-se ao lado de Jesus e comia no mesmo prato (Jesus sabendo ele que era o traidor). Como que Jesus conseguiu isso, sem guardar mágoas, rancor, sem atacar, ferir, julgar, rejeitar, excluir? A resposta é que Jesus não era conveniente. O Amor não é conveniente.
Em nossa sociedade, o quanto temos sido convenientes em
nossas relações. Se as pessoas não têm nada a nos oferecer, em qualquer sentido
que seja (por exemplo uma pessoa que nos faz rir) nós rejeitamos e excluímos.
Ou então só aceitamos ela em nossa vida porque ela tem algo ou certa
característica que nos beneficia. Se a pessoa é talvez aquela pessoa
"difícil", não tem o perfil e a personalidade que nos agrada, também
rejeitamos e excluímos. Se ela tem o potencial de nos prejudicar então, aí ela
realmente está morta em nosso coração. Isso acontece todos os dias, e quase de
forma natural, aprendemos a ser assim. As pessoas se casam, e tudo dá certo
enquanto elas sentem que o outro o está satisfazendo suas expectativas em
qualquer coisa, mas quando isso acaba, simplesmente se separam argumentando que
a outra pessoa não está mais do jeito que ela queria, se tornou difícil demais.
Nessa mesma motivação mudamos de emprego, deixamos de conviver com certos
familiares, amigos e muitos outros exemplos. Jesus nos fala sobre isso, e já
nos dá o exemplo na situação mais difícil, das pessoas que tem o potencial de
nos prejudicar, o que Jesus chama de nossos inimigos.
"Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem,
para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.
E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que
estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!" (Mateus 5:44-47)
O que Jesus está falando é que ser conveniente, qualquer um
é, mas o que nos torna filhos de Deus, é a capacidade de amar e não rejeitar e
excluir aqueles que não nos trazem benefícios, aqueles que são os
"difíceis" (em qualquer sentido), inclusive aqueles que tem o
potencial de nos ferir, machucar e prejudicar.
Não creio que é errado escolher as pessoas com quem vamos
conviver e nos aprofundar nos relacionamentos, mas que nunca, as nossas
conveniências sejam a motivação de aceitar ou rejeitar pessoas em nossas vidas.
Cristo não se relacionava com as pessoas na perspectiva do
que elas poderiam oferecer a ele, nem na perspectiva de se elas possuem alguma
característica que Ele não goste e muito menos na perspectiva de se elas tem um
potencial poder de prejudicá-Lo. Ele é totalmente livre para se relacionar com
as pessoas, e amá-Las, pois nunca se relaciona pela necessidade do benefício, e
Ele também nunca perde nada nos relacionamentos, nunca se frustra, se magoa,
fica ressentido, pois Ele sempre entra nas relações na perspectiva de quem já
deu tudo, então não há nada pra ser tirado d'Ele, que possa fazê-Lo se sentir
roubado, traído, usado, frustrado. Quando a situação aperta Ele não recorre aos
seus "direitos". Por isso Ele é livre pra Amar, porque já deu tudo.
Creio que isso que Jesus tem nos ensinado, é como uma pessoa que empresta dinheiro
pra outra com o coração de quem dá. Se a pessoa que pegou emprestado pagar o
empréstimo um dia, tudo bem, se não pagar tudo bem também, pois no coração de
quem emprestou já está dado, essa relação nunca vai ser comprometida.
Particularmente tive que passar por uma situação muito
difícil para entender isso. Mas aprendi que enquanto nós julgamos, excluímos e
escolhemos quem é conveniente na nossa vida ou não, Jesus nos amou e nos
aceitou como nós somos, com todas as características que não Lhe "agradam",
não tendo absolutamente nada que O beneficiaria. Ele tem trabalhado
pacientemente na minha vida, para que um dia eu possa chegar à medida da
estatura perfeita de Cristo ( Ef. 4:13).
Hoje consigo ser grato, pois sei que foi o maravilhoso Amor
de Cristo, a Salvação do Senhor na minha vida que gerou aquela situação tão
desagradável, mas ao mesmo tempo tão redentora, e que tem me ajudado a ser
livre para Amar!
Geraldo Júnior e Valéria Morais
Transformados pela Renovação do Pensamento
https://renovacaodopensamento.blogspot.com.br/
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